O Dia de Finados é celebrado pela Igreja Católica desde o século XIII. Culturalmente, as pessoas frequentam os túmulos daqueles que já morreram para chorar a saudade. Mas segundo a simbologia original, a data significa celebração da vida e do amor eterno. Muitas pessoas só visitam os túmulos dos entes queridos nesta data, mas existem pessoas que são lembradas durante todo o ano.
No cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá, os túmulos mais visitados durante são do menino Aquino e do curandeiro Sacaca, o mesmo que deu nome ao Museu. Segundo o administrador do cemitério, José Fernando Rodrigues, familiares, amigos e admiradores frequentam regularmente esses túmulos. “O túmulo do menino Aquino e do Sacaca recebem pelo menos cinco visitas por semana. Muitas pessoas agradecem bênçãos recebidas, desejos concedidos e sonhos realizados. O mausoléu do Aquino vive cheio de doces que as pessoas trazem”, contou. Mas quem são essas pessoas tão queridas?
O menino Aquino Anaice da Silva tinha 12 anos quando faleceu de insuficiência cardíaca. De uma família de 6 irmãos, ele nasceu e foi criado no Bairro do Trem na casa da família na Avenida Feliciano Coelho. “Era uma criança comum, estudava, brincava, mas era muito devoto a Santa Maria. Adorava quando tinha novena em casa. Chamava vários amigos da idade dele”, contou a irmã de Aquino, Julinda Anaice da Silva, de 42 anos.
Curas de doenças, bens materiais e até filhos são atribuídos ao menino Aquino. Francisca Chagas conta que os milagres acontecem desde quando o menino ainda estava sofrendo do coração no hospital. “Minha mãe conta que rezou em nome dele, quando ele ainda estava doente e eu era uma criança. Milagre ou não, eu melhorei das alergias e venho agradecer a ele”, declarou a admiradora de Aquino.
É tão grande o número de devotos do menino que uma oração foi feita em homenagem a ele (veja abaixo). Segundo os fiéis, em momentos de dificuldades e alegrias a Oração do Menino Aquino dever ser feita. “Se você está com dificuldades, problemas difíceis, é só invocar pelo Menino Aquino”, contam os admiradores.
SACACA
Outro túmulo que recebe muitos visitantes é de Raimundo dos Santos Souza, o Sacaca. Amapaense nato, nasceu no dia 21 de agosto de 1926. Apesar de nunca ter fumado morreu de enfisema pulmonar no dia 19 de setembro de 1999. O curandeiro começou tratar pessoas por meio das plantas aos 13 anos. Curou muitas pessoas com plantas medicinais e remédios feitos por ele mesmo. Chegou a trabalhar com Waldemiro Gomes, mas foi o cientista francês, Paul Lecointe, que lhe apelidou de Sacaca. A palavra que significa “pajé, o senhor da floresta”.
Sacaca morou no Bairro do Laguinho durante toda sua vida. Vivia no Banco da Amizade ou na frente de casa na Rua José Antônio Siqueira, Nº 404. Desde criança já mostrava ser um menino inteligente e curioso. Gostava de plantas e começou a estudá-las, mas nunca frequentou uma academia ou curso superior de Biologia. Ele deixou três obras que falam, de A a Z a respeito das plantas que curam.
Sacaca teve 10 filhos biológicos e alguns adotivos. Era considerado um pai carinhoso, experiente e exemplar. “Papai era muito paciente. Quando fazíamos alguma travessura mamãe queria nos bater, mas o papai ia lá e aliviava nosso lado. Conversava com os filhos e mamãe. Mas o que sentimos falta é a amizade, companheirismo e a sua experiência de vida”, ressaltou o 6º filho de Sacaca, José Raimundo da Silva Souza, de 56 anos.
A história e nome estão registrados no museu que leva o nome dele. O número de plantas que curam é enorme, umas usadas só por ele: catuaba para reumatismo, comida-de-jaboti para pressão alta, manjericão para combate ao resfriado e pariri para curar anemia.
Abaixo acompanhe a oração do menino Aquino
Oração do Menino Aquino
“Eu alcancei graça com essas palavras.
Menino Aquino que tanto sofreu da terrível doença do coração,
Meu santinho,
Meu anjinho,
Me ajudai nas causas urgentes.
Socorrei-me nesta hora de aflição.
Ajude-me alcançar esta graça.
Me ajude nesta espiritual batalha.
Rogai por nós menino
Salve Ave Maria.
E nos proteja do mal.
Amém”.
Reportagem e fotos: Cássia Lima