Por SELES NAFES
O vazamento de um documento interno revelou a existência de um problema no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) que pode virar uma crise e sair do controle. O problema atinge, em cheio, a alimentação dos detentos e servidores do sistema carcerário.
Em ofício enviado no último dia 16 à coordenação do presídio, o setor de nutrição informa que a empresa Lemos Passos Ltda, contratada para fornecer alimentação de funcionários e internos, fez a última distribuição de farinha aos internos no dia 29 de março, ou seja, há 18 dias os detentos não recebiam o alimento.
Pelas regras do presídio, cada preso tem o direito de receber um quilo de farinha por semana, o que era previsto em contrato com a empresa.
O ofício faz um alerta sobre o que pode ocorrer por causa da falta de farinha para os presos.
“(…) Pode causar problemas de medidas incalculáveis por parte dos internos, devido à grande importância desse item aos mesmos”, diz trecho do documento enviado pelo setor de nutrição.
Agentes penitenciários relatam que já há protestos entre os presos e a situação é bastante tensa na cadeia. Por conta da redução da alimentação e da falta dos kits de higiene, alguns detentos têm se recusado a voltar para as celas após o banho de sol.
Dívida
O mesmo ofício enviado pelo setor de nutrição revela ainda que a quantidade de alimentos nas marmitas de funcionários e internos está abaixo do que estipula o contrato de R$ 14 milhões por ano.
“(…) Fomos informados que a empresa vem passando por dificuldades financeiras e que, devido a situação em que se encontra a empresa, há possibilidade de faltar alimentação diária, não tendo nada em seu estoque para servir”.
Fontes informaram ao SN que a dívida com a empresa ultrapassaria os R$ 5 milhões, referentes a fevereiro e março deste ano, mais dois meses de 2018 e outros dois meses de 2017. No início de março, a Lemos Passos Ltda recebeu pouco mais de R$ 1 milhão referente ao mês de janeiro de 2019.
O presidente do Iapen, Lucivaldo Costa, não retornou as ligações do Portal SN. O secretário de Segurança Pública do Amapá, coronel Carlos Souza, ficou se pronunciar sobre o assunto ainda hoje.