Por RODRIGO ÍNDIO
Em silêncio, os voluntários chegam, estacionam o carro, abrem o porta-malas, montam uma pequena mesa de plástico e iniciam uma partilha. Curiosas, as crianças ficam ansiosas para se deliciar com uma caprichada sopa de carne e legumes depois de uma semana de treinos intensificados.
Todos ali são carentes, e fazem parte do projeto social de atletismo criado há 3 anos por José Augusto, o “Zecão”, de 51 anos, para atender cerca de 25 a 100 crianças vulneráveis do Distrito da Fazendinha.
Quando Zecão viu chegando duas grandes panelas com mais de 30 litros de sopa para seus alunos, se emocionou.
“Sinto prazer em trabalhar com as crianças. Quando iniciei elas precisavam de incentivo para o esporte e mesmo sem apoio estamos seguindo em frente mesmo muitas delas não tendo nem um tênis para correr. Essa sopa pode parecer pouco, mas para elas é muito, e muito me orgulha em ver o sorriso deles”, disse ele, emocionado.
Uma enorme fila logo se formou. Tammy Larissa, de 10 anos, foi uma das primeiras a provar e aprovar a sopa.
“Fico feliz porque tem gente aqui que nem tem o que comer e a sopa está super gostosa, quero até repetir. Espero que lembrem mais vezes da gente”, pediu.
E não é que a sopa estava gostosa mesmo, tanto que depois que provou, Kaio Winícius, de 12 anos, foi pegar uma jarra na sua casa para que seus familiares também pudessem provar.
“Meu pai ama sopa, aproveitei para levar pra ele já que tá chegando o Dia dos Pais e não tenho o que dar. Aí vou levando para todo mundo logo”, revelou.
Após a alimentação foi o momento de agradecer com uma oração. João Jadson, de 17 anos, que é autista, mora em uma casa com 17 pessoas e mostra que realmente o projeto é de inclusão. Ele é a prova que o trabalho vem dando certo.
“O atletismo entrou na minha vida em 2014. Já participei e ganhei diversas competições. Vejo o projeto como uma maneira de me sentir igual aos outros. O professor me apoia muito, ganho amor, ele é como um pai para mim. Essa sopa faz a gente se sentir lembrado pela sociedade e é necessário agradecer”, ponderou.
Trabalho solidário
A distribuição da sopa foi feita por integrantes do grupo “Saúde em movimento”. Eles se reúnem todo mês para preparar e distribuir sopas a moradores carentes de Macapá.
Para um dos voluntários e idealizadores do projeto, o motorista Neto Lobato, a sopa alimenta o corpo, e a atitude alimenta a alma.
“Eu e a Carol, minha esposa, começamos ano passado a distribuir com o apoio da Nutri & Service na rua de casa. A gente veio do Goiabal [bairro] para cá e olha só, que felicidade essas crianças estão sentindo, isso nos orgulha e nos emociona. Unidos, continuaremos levando felicidade para moradores carentes de outros bairros”, assegurou.