Parlamentares não acreditam em morte acidental de liderança wayãpi

Caso ocorreu no município de Pedra Branca, a 130 km de Macapá. Joênia Wapichana, do estado de Roraima, esteve no Amapá para acompanhar o caso, junto com deputado do Amapá, Camilo Capiberibe.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Os deputados federais Camilo Capiberibe (PSB-AP) e Joênia Wapichana (Rede-RR), integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, foram à terra indígena Waiãpi para ouvir indígenas sobre a morte do cacique Emyra Waiãpi.

Em coletiva na manhã deste sábado (17), no Museu Sacaca, em Macapá, os deputados relataram ter se reunido na sexta-feira (16) com cerca de 80 indígenas na Aldeia Aramirã, no município de Pedra Branca do Amapari, região centroeste do Amapá, a 130 km de Macapá.

Cacique Emyra Wayãpi, encontrado morto no mês de julho. Foto: Divulgação

Na reunião os deputados ouviram diversos relatos que reafirmam a existência de invasores e também ouviram o descontentamento com o resultado do laudo que indicou, preliminarmente, a possibilidade de ter sido afogamento o motivo da morte do cacique Emyra.

Os relatos indígenas ratificam que corpo do cacique continha várias marcas de violência. Para corroborar a versão os indígenas mostraram, pela primeira vez, um vídeo que mostra ferimentos no corpo do cacique.

Deputado do Amapá, Camilo Capiberibe, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

“Nós fizemos um diálogo com familiares do cacique Emyra e testemunhas das invasões que ocorreram na terra indígena. Foi apresentado para nós um vídeo de maneira reservada onde fica claro que não são ferimentos superficiais. É difícil aceitar. A Comissão de Direitos Humanos vai questionar essa conclusão que mesmo no laudo afirma que pode ter sido afogamento, não diz isso de maneira cabal. O que se tem até agora não é suficiente e acreditamos que se precisa aprofundar as investigações”, declarou o deputado federal Camilo Capiberibe. 

Vídeo

O vídeo que já circula pelas redes sociais mostra um ferimento embaixo do olho direito; outro no lado esquerdo da cabeça, perto da testa; a orelha esquerda parcialmente ‘rasgada’; arranhões nas costas e; um ferimento no pênis. O vídeo foi feito antes dele ser enterrado pelos indígenas.

No final dos 39 segundos de duração do vídeo, consta a informação de que o mesmo foi editado por Aikyry Wayãpi, filho do cacique Emyra e a data de gravação do mesmo, dia 23 de julho, antes, portanto, do primeiro enterro do corpo do indígena, antes de ter sido exumado.

“Além do direito da família e de toda a sociedade de verem elucidadas as circunstâncias da morte do cacique Emyra, temos a preocupação de toda a coletividade que testemunhou, nos afirmou, nos garantiu, que viram pessoas não indígenas nas terras Wayãpi. Agora quem são, as autoridades tem condições de elucidar. A Comissão de direitos humanos veio aqui colaborar com o Ministério Público Federal (Mpf), Funai e a polícia federal e é esse papel que viemos cumprir aqui.”, declarou a deputada indígena Joênia Wapichuna, do estado de Roraima.

Os parlamentares informaram que irão produzir um relatório pela Comissão de Direitos humanos e seguirão acompanhando o caso.

SAIBA MAIS:

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Seles Nafes
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