“Minha camisa vira fralda”, diz pai à procura de emprego

Ragner a sua família moram em um quarto sem porta, com um colchão e uma rede, no bairro do Ipê, na zona norte de Macapá
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Por RODRIGO ÍNDIO

Entre os mais de 13 milhões de brasileiros que sofrem com o desemprego, está Ragner Araújo da Silva, de 36 anos.

Com a promessa de que teria um emprego garantido num mercado de Macapá, ele saiu com a família da cidade de Vitória do Jari, no sul do Estado do Amapá, em dezembro de 2018. Desde então, tem sofrido para alimentar a esposa e os três filhos pequenos.

Ragner segura seu filho, ao lado das duas enteadas que ele assumiu a criação. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Quando chegou a capital, a vaga já estava preenchida. Começava ali uma luta diária pela sobrevivência. Junto com Ragner vieram: a esposa Raila Corrêa, de 21 anos — que na época estava grávida do pequeno Rian, atualmente com 3 meses —, e as pequenas Fracielly, de 2 anos, e Rafaelly, de 5 anos.

As duas meninas são filhas de outros relacionamentos de Raila, mas Ragner assumiu a criação das crianças.

Não há chuveiro, água para tomar banho tem que ser aparada em um isopor

Para ter o que oferecer à família, Ragner começou a trabalhar num lava jato, específico para caminhões. Segundo ele, cada lavagem era no valor de R$ 150, mas só recebia R$ 20 por cada serviço.

“Trabalhava de segunda a segunda, com promessa de receber a metade de cada lavagem, mas recebia só R$20 de um serviço que eu levava o dia todo para fazer. Eu não tinha opção, tinha que dar comida para minha família, então, continuei lá de janeiro até umas três semanas há atrás”, explicou.

Ragner: “às vezes, camisa vira fralda”

A família morava em uma casa que era tomada por animais peçonhentos. Com o nascimento de Rian, seguiram para uma quitinete cedida por uma mulher que recentemente precisou alugar o imóvel. Por isso, atualmente estão num quarto na casa dos cunhados de Ragner.

No quarto sem porta tem um colchão, uma pequena TV analógica, um tapete e um ventilador, que está com defeito. O calor é tão grande que Raila e Rian dormem numa rede do lado de fora da casa.

O local onde vivem tem apenas uma rede, um tapete e um ventilador, que está com defeito

Desesperado, Ragner faz bicos para conseguir algum dinheiro para alimentar a família. Ele procurou o portal SelesNafes.com para pedir ajuda da população para conseguir trabalhar e levar dignidade a quem ama.

“Queria um material pra abrir uma lavagem, como compressor, jato pequeno, aspirador e os produtos. Pode ser tudo de segunda mão mesmo, ou, se tiverem um emprego, eu aceito a oportunidade também. Só quero trabalhar de forma digna para dar o que comer pra eles e comprar as coisas pra casa. Passamos por muita necessidade, às vezes ficamos sem almoçar e sem jantar, isso me deixa muito triste”, relatou, visivelmente emocionado.

Pequeninos aguardam o alimento diário com os bicos que o pai faz

Além de estarem sem roupas e alimentos, as crianças estão sem fraldas. Com a cabeça baixa, a voz trêmula, em prantos, Ragner fez uma revelação.

“Às vezes, quando falta fralda pro meu filho, minha mulher pega minha camisa e transforma em fralda. Fico sem camisa porque elas ficam todas sujas. É vergonhoso, eu sei, mas pretendo vencer e tenho fé que conseguiremos o apoio das pessoas”, esperançou-se.

Ajuda

Quem puder ajudar a família com qualquer doação, pode entrar em contato com Ragner, através do número de telefone (96) 99110-9139 (ligação / Whatsapp), ou ir até a Rua Pau Brasil, 153, bairro Ipê, zona norte de Macapá.

Seles Nafes
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