Mãe diz que filho foi executado durante ação policial

Familiares e amigos de Douglas de Souza Corrêa relatam que rapaz não tinha antecedentes criminais. Caminhada pelas ruas do bairro pediu justiça
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Amigos e familiares de Douglas de Souza Corrêa, que tinha 18 anos, acusam militares do Batalhão da Força Tática (BFT) de alterar a cena da intervenção policial para forjar um confronto e justificar a morte do jovem.

Nas primeiras horas do domingo (9), por volta de 1h da madrugada, Douglas saiu da sua casa que fica no início da área de pontes da Rua Guaranis, no bairro Buritizal, zona sul de Macapá. O destino era a residência da tia, que mora nas proximidades.

Mãe mostra local onde filho teria sido baleado. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Foi quando chegou o BFT e Douglas teria aberto passagem, sem correr, desarmado, sem oferecer nenhum tipo de resistência ou perigo, pois segundo os familiares apenas estava indo de uma casa para a outra. As pessoas se trancaram em suas residências e o rapaz teria sido rendido e baleado pela polícia. Ele morreu ainda no local.

Os moradores contam ainda que Douglas teria suplicado pela vida antes de ser morto.

Em passeata…

 

… familiares e amigos pedem justiça

Estudante, evangélico e sem passagem pela polícia

A família acredita que Douglas está sendo executado duas vezes, primeiro na morte, e a segundo na sua memória. A mãe conta que todos os moradores ficaram impedidos de ir e vir na ponte e que a polícia também não solicitou atendimento médico para Douglas, que antes de morrer, segundo relatos, ainda agonizou por mais de uma hora.

“Meu filho ia fazer a segunda prova do Enem poucas horas depois, era do coral da igreja, não usava drogas, muito menos vendia. Meu filho foi executado pela PM e nós queremos justiça”, afirmou a mãe, Simone Barbosa de Souza, de 40 anos.

Da esq. p/ dir.: Tia e mãe de Douglas de Souza Corrêa

Família, vizinhos e amigos fazem manifestação

Na tarde de segunda-feira (12), familiares e amigos de Douglas de Souza realizaram uma manifestação de rua que terminou em frente ao Comando Geral da Polícia Militar, na Rua Jovino Dinoá, no bairro do Beirol, zona sul de Macapá.

“Olha, essa versão descabida, de que ele, que nunca pegou numa arma na vida, disparou 10 tiros contra um monte de policiais. Onde esses tiros foram parar, que não pegou em nenhuma casa e nem em ninguém?! Plantaram uma arma, foram no carro da polícia buscar e colocaram na mão dele, já atingido e morto. Foi uma execução.”, declarou uma fonte que preferiu não se identificar.

Caso ocorreu no dia 9 de novembro. Foto: Olho de Boto/arquivo SN

A versão da PM

Após a manifestação e a declaração dos familiares, a reportagem falou com o porta-voz da PM, o tenente Josiagb Oliveira.

“Não temos nenhuma nota sobre essa caso, mas esse caso foi uma resistência contra a Força Tática. A família não aceita, dificilmente a família irá aceitar, mas os policiais tem técnica, tem treinamento para agir nesse tipo de situação”, declarou o tenente.

Por fim, A PM informou que para toda ocorrência que culmina em morte é aberto um inquérito tanto pela corregedoria da instituição quanto pela Polícia Civil, onde são analisadas as condutas dos militares e os autos desse inquérito são enviados ao Ministério Público Estadual, que se perceber alguma irregularidade oferece denúncia.

Seles Nafes
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