Por SELES NAFES
O Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) analisa o pedido da defesa do soldado Kássyo de Mangas, 33 anos, acusado de matar a ex-companheira e soldado da Polícia Militar do Amapá, Emily Karine Monteiro, de 29 anos. A defesa recorreu da decisão que tornou o policial réu, alegando que a autoria do crime não foi comprovada e várias diligências não foram cumpridas.
Kássyo de Mangas está preso desde a época do crime, após fugir do local do homicídio, o apartamento onde ele viveu com a cabo durante cerca de dois anos, no bairro do Pacoval. Ela foi morta a tiros no dia 12 de agosto, um domingo.
Imagens do circuito interno da casa mostraram ele deixando o apartamento segurando uma pistola, e fugindo no carro de Emily. Ele só se apresentou dois dias depois, fora do flagrante, mas teve a prisão decretada pela justiça a pedido da Polícia Civil do Amapá.
Um ano depois do crime, ele foi pronunciado, ou seja, a justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e ele virou réu, com julgamento encaminhado para o Tribunal do Júri.
Ele foi pronunciado por feminicídio triplamente qualificado pela “motivação torpe”, “meio cruel” e “modo a impossibilitar chance de defesa”. São essas qualificadoras, taxadas como “fantasiosas”, que a defesa tenta retirar alegando cerceamento, que diligências “imprescindíveis” não foram realizadas e não há certeza da autoria do crime.
A procuradora de justiça que assina o parecer, Raimunda Clara Banha Picanço, avaliou que a ausência de documento, laudo, exame e material probatório não impede a conclusão da primeira fase do processo, desde que os requisitos legais estejam presentes.
“De mais a mais, o juízo deferiu a produção das provas requeridas pela defesa em audiência, as quais serão juntadas (ao processo) no tempo oportuno”, comentou ela.
O parecer da procuradoria, pelo indeferimento do recurso, será analisado pela presidente da Câmara Única do Tribunal de Justiça, desembargadora Sueli Pini.
O julgamento de Kássyo de Mangas, que foi expulso da Polícia Militar no ano passado, ainda não foi marcado.