Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
No Amapá, extremo norte do Brasil, quando alguém diz “bora lá só tu” quer dizer, na verdade, que a pessoa negou e ainda ironizou o convite recebido. Entretanto, apesar do nome e da brincadeira com a linguagem popular, não foi isso o que aconteceu no jovem bloco de carnaval de rua macapaense.
A Travessa Mário Cruz, parte da Praça Veiga Cabral e as imediações do Teatro das Bacabeiras, ficaram lotadas e tomadas por brincantes que, este ano, acabam consolidando o bloco com uma posição de destaque, sendo o segundo maior do Estado, ficando apenas atrás da tradicional A Banda.
Desfilando apenas pela quarta vez, a quantidade de brincantes e foliões surpreendeu até os organizadores, que aguardavam uma participação de apenas duas ou talvez 3 mil pessoas, mas se viram contentes com a adesão massiva que o bloco acabou recebendo.
Origem
Ohana Victoria, uma das fundadoras e organizadoras do bloco, conta que o “Bora lá só tu” surgiu após uma postagem feita por ela em uma rede social. Ela postou que sentia saudades, que estava sentido falta de blocos de rua em Macapá e quatro amigos lhe responderam propondo e perguntando o porquê não faziam um.
Organizaram uma reunião presencial e lançaram, em 2017, na mesma Veiga Cabral, o bloco “Bora lá só tu”. Na primeira edição, cerca de 200 pessoas participaram. Em 2018, já na Praça Barão do Rio Branco, participaram cerca de 600 pessoas.
Em 2019, na Praça da Bandeira, a fama do bloco já havia se espalhado de boca em boca e ele acabou “estourando”, com cerca de 1500 brincantes. Mas, o “estouro” maior mesmo ainda estava por vir.
“Este ano, a gente decidiu alugar um trio e fizemos entre a praça e o teatro que era para literalmente voltar às origens. A gente alugou um trio para aumentar a estrutura, porque a gente esperou que como tinha dado 1.500, poderíamos ter duas mil pessoas. Só que não deu isso. A Polícia Militar acredita que foram 10 mil pessoas, eu acho que foram oito”, contou Ohana Victoria.
Até o trio elétrico precisou ser trocado, porque o primeiro enviado equivocadamente pela empresa contratada não dava vazão à extensa área por onde o bloco se desenvolveu.
Novos planos
Dos fundadores do bloco, dois ainda estão na organização, Ohana Victoria e Manoel Fabrício, que tem se agregado com outras pessoas para ajudar. Tudo funciona por coleta entre eles ou alguns patrocínios de empresas privadas.
A ideia agora é organizar eventos e atividades que possam financiar o bloco, com mais estrutura, para 2021.
“No final deu tudo certo, a gente espera que todo mundo tenha gostado muito, tenha curtido. A gente tá se preparando para o próximo ano, então esse ano devemos fazer uma festa de São João para arrecadar fundos”, finalizou Ohana.