Por RODRIGO ÍNDIO
Alegando prejuízos econômicos com as medidas de prevenção ao coronavírus implementadas pelo governo do Amapá e prefeitura de Macapá, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amapá (Setap) ameaça paralisar todas as linhas de ônibus e demitir rodoviários.
O chefe de gabinete civil do governo do Estado, Marcelo Roza, informou ao Portal SelesNafes.Com que recebeu hoje a informação de que as empresas protocolaram um documento, e que uma reunião com a classe irá discutir o cenário possivelmente ainda hoje (26).
O Setap afirma que desde a última quarta-feira (25) as empresas têm reunido e discutido seus custos operacionais com a manutenção de 30% da frota. Durante a reunião as empresas alegaram que sequer tinham combustível para rodar nesta quinta-feira.
“A gente tá, na verdade, lançando mão de recursos que seriam para pagamentos de folha e para outras despesas para poder garantir pelo menos o combustível”, alegou o porta-voz do Setap, Renivaldo Costa.
Ele explicou que um ônibus tem consumo de combustível que representa entorno de 30% de todo o custo operacional, ou seja, cada R$ 1 que é pago na passagem, 30% é pra subsidiar o combustível. O restante é para folha de pagamento, insumos e tributos.
A Associação Nacional de Transporte Urbano (NTU), da qual o Setap faz parte, fez um levantamento que as empresas na atual situação não têm condições de suportar até o dia 5 de abril, data prevista para encerrar a quarentena e para as empresas fazerem pagamento de folha.
“No Amapá, a gente não tem condições de suportar nem até a próxima sexta-feira (27). Se não houver a medida por parte do governo de compensação para as empresas para que elas continuem com essa frota mínima, a partir de sexta-feira nós não teremos condições e, aí, a situação se perdura enquanto durar o decreto de paralisação”, ponderou Renivaldo.
Demissões
A rede envolve 178 ônibus que operam em Macapá e integra cerca de 3.500 trabalhadores. Não estão inclusos nesses dados os veículos que fazem a linha metropolitana.
“Cada empresa de forma individual, tá fazendo sua avaliação. Devemos ter números até pelo menos o dia 5 de abril, quando a gente tem que fazer o pagamento de folha. É uma opção que empresas vão ter que lançar mão, porque ou ela demite o servidor para que ele garanta o recebimento do FGTS e do seguro desemprego, ou ela mantém esse trabalhar rodoviário, mas não tem condições de pagar o salário dele”, explanou o porta-voz do Setap.
De imediato, o impacto é de, no mínimo, corte de 10% de pessoal, é o que prevê o Setap.
“Manter essa situação a médio prazo já representa um prejuízo sem precedentes. A longo prazo vai representar além das demissões, o fechamento ou a falência das empresas. Porque o sistema de transporte é um sistema orgânico, se mantém baseado naquilo que arrecada, se ele não circula, não arrecada e não tem como se manter”, resumiu Renivaldo Costa.
Foto de capa: Ascom/GEA