Delegados fazem revelações sobre morte de empresária

Delegados falaram sobre o depoimento do policial civil acusado do crime. Ele afirmou não se lembrar direito do que houve
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Por RODRIGO ÍNDIO

O policial civil em estágio probatório Leandro da Silva Freitas, de 29 anos, disse em depoimento não lembrar o que ocorreu na noite da morte da empresária do ramo gastronômico Ana Kátia Almeida da Silva, de 46 anos. A perícia apontou que ela não foi morta com um tiro pelas costas, como foi inicialmente divulgado.

Essas e outras informações importantes sobre o caso foram repassadas nesta quinta-feira (9) pela Polícia Civil do Amapá, numa entrevista coletiva concedida pelo delegado-geral Uberlândio Gomes, a corregedora Sheila Vasques e a delegada plantonista da DCCM, Cássia Costa.

Os delegados disseram que Leandro pouco colaborou no depoimento. Ele negou que tinha um relacionamento amoroso com vítima. Entretanto, os delegados afirmam que sete testemunhas ouvidas confirmaram a relação, mesmo que recente entre os dois. O caso ainda é tratado como feminicídio.

A delegada que preside o inquérito, Cássia Costa, informou que o policial estava ingerindo bebida alcoólica desde às 15h da tarde de terça-feira (7), e que participou de dois aniversários com a vítima, um na zona norte e outro na zona sul.

O casal estava no mesmo veículo. Já na casa da nora de Kátia, onde ocorreu o crime, no Bairro Jardim Marco Zero, Leandro saiu com o filho da namorada para comprar mais bebida, por volta de 00h.

No retorno, a polícia afirma que o infrator teria efetuado dois tiros para cima alegando que queria mostrar para a vizinhança que lá “tinha policial civil”.

Delegada Cássia Costa: tiros antes da briga e relacionamento confrmado

Pelo depoimento das testemunhas, a Polícia Militar chegou a ir na área depois dos tiros, mas só conversaram com Leandro, e a ocorrência não teve prosseguimento. Os militares foram identificados e serão ouvidos.

A partir daí, testemunhas relataram aos investigadores que ficou um clima estranho. A aniversariante, nora da vítima, não quis mais comemorar. Queria que todo mundo fosse embora. Por esse motivo, Ana Kátia queria ir embora, mas o infrator queria permanecer ingerido bebida alcoólica.

O casal foi para o carro e o restante da família ficou na área interna da casa quando foi ouvido um disparo.

“Ninguém presenciou de fato o disparo, pois eles escutaram um estampido [som forte], aí saiu a nora [Evelin] e o filho [Kadu] de Kátia, além do sobrinho [Hugo] do infrator. Nisso, eles já viram a vítima caída no chão atingida e o infrator dentro do carro também lesionado”, revelou a delegada Cassia.

Ana Kátia: tiro atingiu peito e saiu pelas costas

Ainda de acordo com a delegada, o filho de Kátia desarmou o policial e levou imediatamente a mãe para atendimento médico. Por achar que a mãe já estava morta, pediu a um vizinho e a esposa que continuassem o trajeto.

Ana Kátia morreu com o tiro que atravessou seu peito e saiu pelas costas. O policial foi socorrido ao Hospital de Emergência ferido com uma lesão no ombro.

“Ele não sabe explicar a lesão na vítima e nem a dele”, revelou a delegada.

Diante dessas declarações, a polícia vai buscar mais elementos, como laudos da Politec e verificar imagens de circuito interno próximo do local do crime, para desvendar o que realmente aconteceu.

Leandro aguarda audiência de custódia ainda nesta quinta-feira (9). Neste procedimento, o juiz pode converter o flagrante em prisão preventiva. Se isto ocorrer, Leandro deverá ser encaminhado ao Centro de custódia do Iapen no Bairro Zerão.

A corregedoria da Polícia Civil formará uma comissão disciplinar para apurar o possível feminicídio de forma qualificada que não possibilitou a defesa da vítima.

Leandro da Silva Freitas não deu muitos detalhes sobre o que ocorreu

A punição de pena mínima é de advertência e a máxima de expulsão, já que o policial ainda passa pelo estágio probatório. O processo pode durar mais de 60 dias podendo o prazo ser prorrogado por mais dois meses. 

O policial civil Leandro de Silva iria completar dois anos na corporação em outubro. Atualmente, estava lotado na cidade de Porto Grande, a 102 km de Macapá.

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