Por ARTEMIS ZAMIS, empresário e articulista aos domingos
A história democrática recente do Brasil é extremamente complexa, difícil de ser contada e rara no mundo. Os cientistas políticos tentam, divagam, e o que se vê são apenas costuras mal alinhavadas para um remendo em um tecido que desbota e que sempre está precisando de uma nova tintura. Não que os cientistas políticos não saibam construir suas quase sempre bem elaboradas análises, mas porque o que era verdade ontem, ou quase verdade, hoje é apenas uma lembrança já em estado de evaporação.
O regime tem essa peculiaridade de driblar até os analistas bem preparados. Todos os dias assistimos as mesmas falas e elas vêm como se fossem antídotos para uma possível erupção de revolta que nunca aconteceu e nem vai acontecer.
Desde o fim do governo Lula (PT), em 2010, em que saiu com a aprovação recorde de 83%, segundo o Ibope, que o Brasil cambaleia na economia, educação, empregos, saúde e em todos os importantes setores que balizam o desenvolvimento de uma nação. A história é implacável em nos dizer o quão bom foi o governo do presidente Lula para todos, mas especialmente para a classe trabalhadora e os mais necessitados das grandes cidades, aos mais longínquos lugares do território nacional.
Não sou eu quem digo, mas os livros, jornais e órgãos do Brasil e do mundo. A aprovação recorde lhe possibilitou indicar e eleger Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo do executivo por dois mandatos e que, por um golpe de Estado, foi defenestrada do poder em 31 de agosto de 2016, por capricho de seu ardiloso algoz Aécio Neves, seu concorrente à época senador da República, inconformado com a derrota sofrida na eleição de 2014. O hoje deputado Aécio Neves é acusado de vários crimes que vão de peculato a lavagem de dinheiro e é quase um espectro nos corredores do congresso.
De lá para cá, o “navio de cruzeiro Brasil” não para de enfrentar turbulências, sejam elas de pequeno porte até as de causar maiores estragos. O governo Temer, que sucedeu Dilma Rousseff, nada mudou para o Brasil, a não ser uma reforma trabalhista pífia que serviu apenas para alavancar o desmonte da Lei trabalhista e dos direitos dos trabalhadores, e claro, a transição para o futuro regime totalitário que se instalaria com as eleições fraudadas de 2018 (Foi o próprio Bolsonaro que disse em Março de 2020 nos EEUU).
O certo é que o que temos visto e passado desde as eleições de 2018 são absurdos diários de um governo que não tem projeto, não tem um plano econômico robusto para o país e para o seu povo. Ao contrário, o que se viu até o presente, foi o desmonte total da infraestrutura e do poder aquisitivo das pessoas. Mas então, o que move o brasileiro afinal em suas paixões políticas?
Se somos maioria pobre, porque temos tantos pobres apoiando uma politica eleita e feita para elite e para o mercado? É fato que a pandemia causou um grande estrago no Brasil e no mundo, mas na contramão do mundo, ficamos para trás em tudo, até no combate a pandemia, pela abnegação ao negacionismo e pela ignorância da ciência. Um dia alguma divindade talvez explique melhor.
Estamos atravessando o mar revolto em meio a uma tempestade de fake News de parte de uma imprensa que pratica o amor bandido. Em um dia afaga em outro bate ou apanha. O editorial do ultimo sábado da Folha, foi a gota d’água para um país com sua democracia já cambaleante e quase exaurida de tantos ataques vindo de lados inimagináveis até.
A Folha chamar um editorial de “Jair Roussef”, ofende persecutoriamente uma mulher honesta, vítima das piores violências físicas e psicológicas do período obscuro ditatorial que vivemos até 1985 e coloca a democracia mais uma vez no patíbulo deixando livre o cadafalso ao primeiro fascista apostos para acioná-lo. Um editorial, vil, precário e misógino.
Neste ano, teremos eleições municipais e o brasileiro precisa necessariamente repensar suas convicções políticas. Não podemos em hipótese alguma repetir erros do passado, nem titubear ante as mentiras e insinuações que se apregoa diariamente. Estude, analise, leia, interaja, peça explicações, seja crítico, mas acima de tudo, seja audacioso e desejoso de lutar por um Brasil melhor pra si e todos que você quer bem.
Comecemos a mudar. Ainda temos esse poder.