Pai de família autista quer criar grupo de apoio no Amapá

Fábio enfrentou muitas dificuldades para diagnosticar e começar a tratar os filhos em Macapá. Durante o tratamento dos filhos, o pai também descobriu que é autista.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O servidor público federal Fábio Gonçalves, de 36 anos, e sua esposa Eunice Gonçalves também de 36 anos, têm dois filhos pequenos com autismo. Durante o tratamento dos filhos, o pai também descobriu que é autista.

Com poucos recursos, tempo e expertise necessários para encarar os tratamentos devidos, resolveram arregaçar as mangas, mas enfrentam muitas dificuldades. Fábio destaca como é difícil garantir todos os exames, laudos, fechar um diagnóstico e mais difícil ainda é seguir com as terapias.

Pai e dois filhos têm autismo. Eles querem ajudar outras famílias no Amapá, fundando ONG. Fotos: Arquivo Familiar

A esposa também é servidora pública, mas na esfera estadual. De alguma maneira, os dois tem mais condições de garantir a atenção correta para os pequenos Fábio, de 4 anos e Benjamin, de 1 ano.

Mas não é sempre assim. Ele conta que no início, mesmo tendo plano de saúde, não conseguiu atendimento para o primeiro filho. Foi então que encarou horas de filas no Hospital das Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá, para conseguir falar com uma neurologista e descobrir onde ela atendia de forma particular, para que pudesse avaliar seu filho.

Foi nessa batalha, que começou a se deparar com dezenas de pessoas que não tinham a mesma alternativa e acabam ficando sem atendimento.

Pequeno Fábio no aniversário de 3 anos: foi uma peregrinação para fazer a investigação do menino, mesmo com plano de saúde

“Conheci muitas pessoas que tem o filho, mas tá na investigação, não têm condição financeira de iniciar o processo, porque é um custo muito alto a investigação. Tem que fazer bera [exame], mapeamento cerebral, tem que fazer tomografia, às vezes amostra molecular, que vai pra fora do Estado e muita gente não tem condição, porque a validade desses exames são de até seis meses. Se a pessoa não conseguir nesses seis meses fazer esse gasto e levar novamente para o neurologista, vai acabar se perdendo e ter que fazer de novo”, contou Fábio.

Autismo em família

Apenas nas últimas décadas que os estudos e a ciência avançaram para diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes do autismo. Na família de Fábio, quando o primeiro filho tinha um pouco mais de 2 anos, eles começaram a perceber certas características e foi quando procuraram os médicos.

Quando ainda estavam por concluir o laudo do primeiro filho, veio a segunda gravidez e com ela a informação da neurologista de que as possibilidades de ter um segundo filho homem com autismo, quando o primogênito também o é, é grande.

Casal quer ajudar o máximo de pessoas a ter acesso a um tratamento

Eles logo perceberam que o segundo filho, Benjamin, tinha as mesmas características que o Fábio tinha na mesma idade. E foi aí, também, que o pai começou a se enxergar nas como os filhos, o que o levou a fazer a investigação.

Fábio afirma que seu laudo ainda está inconcluso, mas por tudo que pesquisaram e examinaram até agora, ele também está dentro do espectro autista.

Reunião online

O casal acredita que se encontrou com a missão de suas vidas: ajudar o máximo de pessoas a terem o tratamento devido. Segundo o casal, há mais de mil autistas no Amapá, mas este número pode ser muito maior, devido ao fato de que o diagnóstico ainda é falho.

Quando o pequeno Fábio tinha pouco mais de 2 anos, os pais começaram a perceber certas características e procuraram os médicos

Fábio e a esposa querem somar com as ONGs que, ressalta, fazem um bom trabalho, mas a demanda é muito alta e com isso desejam fundar uma entidade para acompanhar autistas até a vida adulta, tanto em relação a saúde como no aspecto social.

Para isso estão convidando para uma reunião organizacional, que será realizada no próximo 31 de outubro, próximo um sábado, de forma online. Os detalhes podem ser acertados NESTE LINK ou através do grupo de chat que o casal criou.

Seles Nafes
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