Por RODRIGO ÍNDIO
Os moradores em situação de rua de Macapá começaram a ser submetidos à testagem da covid-19. Neste primeiro momento, a prefeitura disponibilizou em torno de 50 testes para esse público. Nos próximos dias, mais ações como esta devem ocorrer.
Os exames foram realizados no Centro de Referência Especializado em Situação de Rua (Centro Pop) Amizade, no Centro da capital, onde são assistidas, em rotatividade, cerca de 150 pessoas.
Michel Gomes da Silva, de 41 anos, vive em situação de rua há 5 meses, após chegar do interior do Pará. Ele não apresentou nenhum sintoma, mas fez questão de fazer o exame.
“Durmo em praças e em frente de hospitais, onde passa muita gente. Aqui eu almoço, tomo café e banho todos dos dias, então como teve esse teste fiz logo, porque apesar de humildes, a gente que ter saúde. Mesmo jogados ao vento, Deus nos protege”, comentou.
Assim como Michel, seu Paulo Vilhena, de 59 anos, é acompanhado pelo Centro Pop, e, pela 1ª vez, fez o teste. Ele vê a oportunidade como única.
“Alguns de nós não temos documentos, então, ficamos impossibilitados de fazer testes em UBS’s ou nas vans. Eu evito me aglomerar e a ação é importante para ter o controle dos casos”, opinou.
O exame ofertado é capaz de detectar os níveis de anticorpos IgM e IgG ou IgA e IgG no sangue. Ou seja, o resultado do teste diz se a pessoa já teve contato com o vírus SARS-CoV-2 e o sistema imunológico produziu os anticorpos contra a doença.
Dos 50 testes realizados, apenas um usuário atestou IGG, o que significa que ele já teve contato com o vírus, porém não está mais ativo.
O coordenador do Centro Pop, João Amanajás, destacou que as ações para esse público estão sendo realizadas desde o início da pandemia, quando um hotel foi alugado por três meses para abrigá-los durante o pico da doença.
“Queremos estender nossa testagem gradativamente para que todo nosso público seja diagnosticado. Como os casos vêm aumentado, queremos cuidar deles, já que são uma população vulnerável por não poder ter acesso a equipamentos da saúde por falta de documentos”, destacou Amanajás.
As pessoas positivadas serão acompanhadas pela equipe do consultório de rua, medicadas e orientadas.
No local, a população em situação de rua recebe atendimento social, psicológico e pedagógico, além de poder participar de grupos de terapia ocupacional e oficinas de artes, além de receber café da manhã, almoço e contar com um espaço para higienização e lavagem de roupa.
Foto de capa: Sávio Almeida