“Não tenho o direito de errar”, diz vereadora indígena

Lilia Karipunas, de 30 anos, foi eleita com apoio de aldeias e diz que se errar quem vai ficar mal visto é o povo indígena
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Por HUMBERTO BAÍA, de Oiapoque

Em Oiapoque, cidade a 590 km da capital do Amapá, dos 11 vereadores que concorriam apenas três conseguiram a reeleição. E, a partir de fevereiro, três indígenas farão parte do legislativo.

Os vereadores indígenas eleitos são: Noel Henrique (PDT), Luiz Anika (Avante) e Lilia Karipunas (Republicanos).

Lilia Karipunas tem 30 anos e tem formação em docência com licenciatura intercultural indígena pela Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Com a senhora entrou na política partidária e por que?

O convite veio da vereadora Iolanda Costa, mas eu já trabalhava em políticas públicas com outras mulheres indígenas.  Primeiro falei com meu pai, que me apoiou de imediato, então entrei de cabeça. Formei alguns grupos em diversas aldeias para dar apoio à campanha. Vi que as comunidades precisavam de diversas formas de mais apoio político.

A senhora vai fazer um mandato voltado apenas para as comunidades indígenas?

Não. Meu mandato será voltado para as mulheres indígena e não indígenas. Quero trabalhar o esporte, a cultura e as relações internacionais com a França e Guiana francesa.

A senhora vai se manter fiel a seus eleitores e não vai cair na tentação de acordos que podem lhe tirar a independência na hora de votar na Câmara?

Dentro do meio que eu estou agora, cada escolha minha tem uma consequência. Eu venho de uma história de violações dos meus direitos, como indígena e mulher. E agora se eu escolhi a política partidária eu vou me manter fiel a meus eleitores e ao povo de Oiapoque no geral. Como indígena eu não tenho direito de errar, porque será a comunidade que vai ser estereotipada com o meu erro.

Pai foi o primeiro a incentivar a entrada na política. Fotos: Humberto Baía

Com a família: não quero me isolar

Quais seriam as necessidades mais urgentes nas comunidades indígenas a serem vista de imediato pelo poder público?

Saneamento básico, saúde e educação.  Mas é de extrema necessidade a manutenção do Ramal do Manga. 

A senhora vai fazer parcerias com órgãos do Estado?

Sim. Não quero me isolar. É fazer parcerias, ouvir os líderes das aldeias e chefes de postos de saúde aqui na sede do município.

Seles Nafes
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