Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o mineiro Robson Braga de Andrade, esteve no Amapá no fim de semana para reuniões com empresários do ramo industrial para avaliar o cenário amapaense e ajudar na resolução dos problemas de representação na Federação das Indústrias do Amapá (FIAP).
O torcedor do galo, aos 72 anos de idade, Robson Andrade, que já presidiu a Federação Industrial mineira e está em seu segundo mandato à frente da Confederação Nacional, vê com otimismo a retomada do crescimento econômico nacional e as perspectivas para o Amapá.
Presidente, qual o principal motivo da sua vinda ao Amapá?
O principal motivo é a reunião com empresários do setor industrial, para que a gente possa encontrar uma solução de retomada das ações e atividades da Federação das Indústrias do Amapá (FIAP), que hoje está apenas com um membro da diretoria eleita que tem legitimidade e a federação não pode funcionar dessa forma.
Pra nós, é importante que a federação esteja legalizada, funcionando normalmente e dar uma contribuição também ao desenvolvimento do Estado do Amapá.
O senhor acha que resolve dessa vez, resolve administrativamente ou via judicial?
Eu acho que é uma mistura. Na realidade você precisa ter uma autorização judicial, do juiz do trabalho, e essa autorização do juízo do trabalho tem que conduzir ações administrativas que deem a legitimidade para que uma diretoria da federação, reative a federação, com equilíbrio, com ética, paz, e que esteja tudo legalizado.
Sobre a economia, passamos por uma crise importante desde 2014, o senhor vê um cenário de recuperação?
Na realidade, a gente já estava começando a sair dessa crise no início desse ano e veio uma pandemia completamente inesperada, que no início fez com que todos nós ficássemos muito pessimistas e sem saber aonde e quando que isso começaria a ser solucionado. O governo federal, com o apoio do Congresso Nacional, principalmente do senador Davi, que é desse Estado, tomou muitas medidas, medidas de crédito, medidas de postergação de pagamentos de impostos, medidas de financiamento voltado pra micros e pequenas empresas, com garantia fundo FO, FI, então isso foi importante para que a indústria e as atividades econômicas de maneira geral, comecem a ter uma retomada ou que não trouxesse muito prejuízo durante a pandemia.
O apoio do presidente Davi Alcolumbre à retomada das atividades econômicas foi fundamental. Sem ele não sei como é que nós estaríamos, eu fico muito orgulhoso de estar aqui no Estado dele, e o que aconteceu é que em outubro a gente já teve uma recuperação muito boa na indústria, já estamos no mesmo patamar do mês de janeiro de 2020 e agora acho que a tendência é continuar crescendo, mesmo que pouco e ano próximo ter um crescimento em torno de 3,5% do PIB oficial.
Aqui no Amapá, temos uma Zona Franca Verde, o que o senhor acha que falta para que ela se consolide e seja mais atrativa?
Eu acho que é preciso infraestrutura. Por exemplo, a infraestrutura portuária, mostrar a proximidade do Amapá com outros países, a possibilidade de escoar produtos a partir do Amapá para outros países e outros estados brasileiros. Acredito, também, que a gente precise de investimento na infraestrutura do Estado, local, essa questão de energia, por exemplo, foi algo que aconteceu…
Foi uma conjugação de fatores ao mesmo tempo, uma coisa raríssima de acontecer, mas isso mostra que precisamos ter um backup, uma segurança a mais, que não permita que esses fatores extraordinários aconteçam.
Eu acho que exatamente os empresários do Amapá têm uma oportunidade única, que é ter o presidente do Congresso Nacional muito bem relacionado com o governo federal, bem relacionado com o presidente da Câmara. Eu acho que, aqui, os empresários tinham que ter o bom de senso de se sentar e discutir um programa de desenvolvimento para o Amapá, quais são as necessidades que o Amapá tem, levar para o presidente Davi, discutir com o presidente e dizer: “Olha, presidente, é isso aqui que nós precisamos para o Amapá”, porque ele tem feito tudo o que pode, mas ele faz tudo o que pode do que ele conhece, ele precisa conhecer as outras necessidades.
O senhor falou do porto e eu ia perguntar sobre isso. O senhor acredita que existem empresários, indústrias, que investiriam na nossa região portuária?
Com certeza. O Brasil tem uma capacidade, uma oportunidade enorme no setor portuário. Agora deve ser aprovado a “BR do Mar”, que é possibilidade de fazer transporte de cargas e passageiros por cabotagem. O Brasil tem mais de oito mil quilômetros de faixa litorânea.
Então, o Amapá tem, sim, condições especialíssimas para poder se tornar um porto de grande importância no país.
A região amazônica, a região norte, é a menos povoada, mais extensa e menos industrializada do país, com o menor IDH também. Na região, na Amazônia, qual vocação o senhor acha que o Amapá teria para contribuir com a indústria?
R: O Amapá tem um solo riquíssimo, então você tem agroindústria, que você pode atrais pra cá, muita possibilidade de plantio de grãos e de outros produtos agrícolas e pecuários. Você pode ter investimentos na mineração, em diversos setores da mineração, já que o solo é riquíssimo, terras raras.
Na construção civil. Se você tiver uma construção civil mais desenvolvida, você certamente terá a possibilidade de ter aqui produção de materiais de construção que seria mais barato do que trazer do sul e do sudeste.
Por exemplo saneamento, que foi aprovado lá no Congresso Nacional pelo presidente Davi. O Amapá precisa de saneamento e certamente terão empresas do setor privado que vão querer investir em saneamento aqui no Amapá.