Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Estudantes do curso de enfermagem da Universidade Federal do Amapá (Unifap), em Macapá, paralisaram as atividades de testagem em massa da comunidade acadêmica para que suas atividades práticas de ensino sejam retomadas.
Como em todos os cursos, na enfermagem há uma disciplina onde os conhecimentos adquiridos durante os anos de estudo são treinados em prática. Trata-se do Estágio Supervisionado Obrigatório, que tem grande carga horária e é feito dentro de unidades de saúde variadas.
Na Unifap, essas atividades foram paralisadas desde março, junto com as demais atividades acadêmicas, por conta da covid-19.
Entretanto, alguns dos estudantes que deveriam estar cursando a disciplina, os da turma de 2017, ao mesmo tempo que não podem fazê-la, são os que estão nas ações de testagem em massa de covid que a Unifap realiza.
“Ingressamos nessa testagem em setembro e outubro e, desde lá, vem acontecendo ações. Uma das coisas que os professores alegam para o não retorno é a questão da exposição dos alunos e dos próprios professores à covid, só que fica contraditório e os alunos estão bem chateados com isso, porque de um lado eles dizem que não querem se expor e nem expor os alunos e de outro tem essa testagem que estamos lidando direto com pacientes positivados”, questionou Ingrid Gibson, estudante da turma de bacharelado em enfermagem de 2017.
Outro argumento que os acadêmicos utilizam é o fato de que o equivalente à disciplina da enfermagem no curso de medicina já retornou desde o mês de dezembro.
Os estudantes cobram o retorno, com medidas de segurança, atividades virtuais e com alternativas que possam diminuir o impacto no atraso para a formatura das turmas, que já se encaminha para um ano.
Segundo eles, isso acarreta problemas diretos, como as perdas de oportunidades profissionais, acadêmicas e pessoais.
Curso de enfermagem
Sobre a reclamação dos estudantes, o professor Clodoaldo Côrtes, responsável técnico pela disciplina, declarou que a coordenação do curso e os professores como um todo estão empenhados em resolver a questão do retorno ao estágio.
Sobre a paralisação, o professor, que também participa do projeto de testagem da covid-19, declarou-se surpreso, pois ainda não havia sido informado sobre a decisão dos estudantes.
Clodoaldo declarou, ainda, que a sua ideia é de contabilizar a carga horária da prática na testagem, no estágio e, também, destaca que é fundamental saber como a comunidade da Unifap está em relação à covid-19, inclusive sobre a possibilidade de retorno das atividades.
Quanto à comparação com o curso de medicina, ele afirmou que o internato da medicina está ocorrendo em unidades hospitalares do Estado, com restrição, enquanto que estágio da enfermagem, nas unidades básicas do município, onde as restrições estão maiores.
Ainda assim, o professor Clodoaldo afirma que entende e está solidário aos estudantes, que estão no seu direito. Ele acredita ser possível chegar em uma resolução do problema, com comunicação e diálogo, nos próximos dias.