Por RODRIGO ÍNDIO
Após anunciar a retirada da estátua de uma preguiça gigante, uma das maiores atrações do Bioparque da Amazônia, a Prefeitura de Macapá estuda a possibilidade de reforma da estrutura esculpida em madeira por um artista local.
A notícia de que a preguiça seria derrubada, surgiu ontem nas páginas oficiais da gestão municipal, que alegou seguir recomendação do Corpo de Bombeiros e do setor de Engenharia do Instituto Federal do Amapá (Ifap) de remover a estrutura, que custou cerca de R$ 17,6 mil.
A população não aceitou bem o comunicado e divergiu opiniões na Internet. Com isso, uma nova inspeção ocorreu nesta quinta-feira (28) com a presença de engenheira florestal, biólogo, artesão, o atual e o ex-diretor da Fundação Bioparque, além, do secretário municipal de meio ambiente.
Segundo o major dos Bombeiros, Orielson Ferreira, a estrutura pode fornecer alguns riscos em função de boa parte da madeira estar podre. O motivo, diz o militar, é que não foi feito uma impermeabilização em toda região, tanto na base, quanto parte superior.
“Na parte superior existe uma concavidade que faz com que fique acumulado muita água, essa água vai penetrando no tronco e depois de quase um ano e meio a madeira tende a apodrecer, ficando quase que nem um pó, saindo uma moinha. A estrutura está comprometida sim, isso não é mais dúvida. Vários engenheiros e técnicos já vieram fazer essa verificação”, avaliou.
Orielson ressalta que existe uma comoção social, mas é preciso ter cautela.
“Nosso objetivo é que ela não seja retirada. Vai ser estudada uma forma. Serão emitidos laudos de cada especialidade, e junto com os artesãos, organização e a arte técnica, vai ser feito uma diligência, para ver se reforma ou retira”, concluiu o militar.
Assim que teve ciência da recomendação, o ex-diretor do Bioparque, Richard Madureira, se posicionou dizendo ser uma decisão equivocada a subtração da peça artística, que tem apenas 1 ano e 3 meses.
“A gente quer que faça uma análise minuciosa antes de tomar qualquer decisão e que se houver a possibilidade, como a gente acredita que há, recuperar essa peça artística que é fruto de um esforço muito grande da sociedade que espera que esse equipamento permaneça em pé”, questionou.
Artesão há mais de duas décadas, Regis Silva, trabalhou na construção da preguiça e nos móveis do espaço. Para ele, a estrutura precisa e pode ser recuperada.
“Não tem que tirar ela daí. Temos várias soluções de recuperá-la. Primeiro colocar pinos, diminuir de peso os braços dela, impermeabilizar ela e fazer sempre a manutenção que pode fazer durar no mínimo 50 anos. O custo para reformar é menor que fazer uma nova. Mas precisa ser logo. Lembro que teve gente que ajudou na construção por uma garrafa de refrigerante”, disse.
O atual diretor-presidente do Bioparque da Amazônia, Marcelo de Oliveira, explicou que foi feita uma inspeção de manutenção preventiva para que depois não seja feita uma correção. Durante a visita técnica, foi verificada a presença de fungos visíveis na base da estrutura e o estado precário da obra de arte.
A partir daí, foi solicitado o laudo do Corpo de Bombeiros que foi apresentado na quarta-feira (27). Ontem também estiveram presentes técnicos da Secretária Municipal de Obras para fazer a análise de recuperação do solo e como o problema pode ser resolvido.
Por fim, nesta quinta-feira, o secretário de meio ambiente junto com uma engenheira florestal, fez análise técnica. A direção do Biopaque irá aguardar os relatórios dos órgãos competentes para que seja feito um novo encontro para decisão final.
“O encontro deve acontecer até o início da semana que vem. A recomendação do Corpo de Bombeiros ainda é de que a área permaneça isolada para segurança de todos. Hoje é com pesar que uma obra que custou um valor elevado se perder num curto espaço de tempo. O prefeito [Furlan] pediu muito cuidado e muito zelo com relação ao tratamento que a gente tá dando para a questão, e se houver condição segura de recuperação da obra, a gente vai trabalhar em cima dela, se não, a gente vai precisar retirar”, garantiu Marcelo de Oliveira.
De acordo com o diretor, a madeira utilizada para a obra estava enterrada às margens do Rio Amazonas e foi insculpida pelo artista amapaense Djalma Santos, que atualmente, reside na Guiana Francesa.
Em caso de substituição da estrutura, a nova pode ser fabricada em outro material. O artista Djalma se colocou ainda à disposição do Bioparque para retornar ao Amapá e trabalhar em numa obra que mantenha o simbolismo da primeira.