Mãe acusada de torturar filha culpa ‘espírito ruim’

Menina diz que apanhou porque estava estudando. Caso é investigado em Porto Grande
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Por RODRIGO ÍNDIO

Uma mulher de 38 anos foi indiciada pela Polícia Civil do Amapá acusada de crime de tortura contra a própria filha, de 12 anos. O caso é investigado no município de Porto Grande, cidade a 105 km de Macapá. O padrasto da vítima, de 48 anos, também foi indiciado pelo mesmo crime, acusado de omissão.

O Portal SelesNafes.Com teve acesso a um vídeo onde a menina aparece chorando e relatando o que aconteceu. Ela diz que as marcas de unhas em seu rosto foram feitas pela própria mãe. Já sobre um corte de terçado em uma das mãos, a vítima detalha que foi porque ela teria pegado um carregador de celular emprestado da genitora e ainda não tinha devolvido.

Na última agressão, a mãe teria visto ela sentada estudando com um caderno e foi para cima da filha falando que “era para ela ir procurar fazer as coisas” e a chamando de “vagabunda”. 

A delegacia da cidade teve conhecimento do caso. De acordo com o delegado Bruno Braz, as investigações iniciaram após o Conselho Tutelar comunicar que recebeu a denúncia de que a adolescente estaria sofrendo maus-tratos, sendo agredida de forma rotineira pela mãe que fazia isso sem motivos. A vítima foi encontrada pelas assistentes sociais com ferimentos e muito abalada.

“A vítima constantemente era torturada pela mãe, agredida, causando intenso sofrimento tanto psicológico quanto físico. Nos vídeos que nos foi apresentado dá para perceber a gravidade da situação enfrentada por essa menor de 12 anos, praticamente uma criança, e não tinha menor condição de se defender (…) ela precisava da intervenção do estado para lhe resgatar e tirar daquele seio familiar violento”, contou o delegado.

Menina foi filmada pelo padrasto após espancamentos

Delegado Bruno Braz: companheiro foi omisso

Puxões de cabelo e socos

A adolescente foi ouvida na delegacia e relatou que, embora não tivesse sido agredida nos últimos dias, já havia sofrido várias agressões como puxões de cabelos, chutes e socos, inclusive reforçou à autoridade policial que sua mãe já havia tentado lhe cortar com faca e com um terçado.

Uma vizinha e o padrasto da menina confirmaram o que ela disse a polícia. O companheiro da acusada filmou a vítima momentos após ter sido torturada pela mãe. Em depoimento, ele disse que gravou os vídeos para mostrar à esposa e tentar fazê-la mudar o comportamento com a filha, versão que não convenceu o delegado.

Ainda segundo a Polícia Civil, a autora das agressões, que é ex-usuária de drogas, confessou o crime e disse que nas vezes que espancou a filha estava tomada por um “espírito ruim”.

“A mãe foi indiciada por tortura e o padrasto por ele ser condizente, ele poderia ter evitado, ele poderia ter denunciado, chamado a polícia, mas não, ele sabia das agressões que eram rotineiras, eram contumazes, e, mesmo assim, ele se omitiu”, acrescentou Bruno Braz.

O caso segue para o Ministério Público para que possa oferecer denúncia contra a mãe e o padrasto. A adolescente foi entregue a um familiar.

Seles Nafes
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