Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Para quem chegou a pagar, em abril de 2020, pouco mais de um ano atrás, impressionantes R$ 2,98 pelo litro da gasolina em Macapá, é quase inacreditável que em alguns postos da capital, a marca de R$ 6 tenha sido ultrapassada em tão pouco tempo.
Em um posto de gasolina do centro de Macapá, na tarde desta quarta-feira (3), onde o movimento de veículos é sempre muito intenso, a quantidade de carros era pequena.
Lá, a gasolina está custando R$ 6,05 e o diesel R$ 5,46. Mesmo sem gravar entrevista, a frentista Raniela Costa da Silva confirmou que o movimento diminuiu e que o novo preço está sendo praticado desde a terça-feira (2). Mas, este não foi o preço mais caro encontrado.
No bairro do Trem, na área central de Macapá, o litro da gasolina está custando R$ 6,23. Mas também há preços mais baixos. Em outro concorrido estabelecimento do centro, o litro está a R$ 5,93 e há uma grande rede de postos que está praticando o preço de R$ 5,82.
Causas
Quando em abril de 2020 houve a queda histórica no preço da gasolina, estávamos na primeira onda da pandemia de covid-19, com pouco movimento nas ruas. Além disso, o preço do barril do petróleo estava em uma baixa histórica, ocasionada, à época, por uma disputa comercial entre russos e Arábia Saudita.
Hoje o cenário é outro e a política de preços da Petrobrás, que segue o mercado mundial, mesmo que o Brasil produza a maior parte do seu petróleo, faz com que, atrelado à desvalorização do real e a valorização do dólar, o preço dos combustíveis tenha disparado como está acontecendo agora.
ICMS
Desde 2015, o Amapá pratica a alíquota de 25% de incidência de ICMS em cima dos combustíveis.
Dos R$ 2,98 de abril de 2020 para os R$ 6,23 de agora não houve o aumento do ICMS. Ao contrário, o Amapá votou, na última semana, em reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária, o congelamento do ICMS, como política para tentar segurar os preços dos combustíveis.
Ainda assim, há opiniões distintas, como no caso do vigilante Yuri de Souza, de 42 anos.
“Já chegou aos mil reais [o que gasta com gasolina ao mês]. Tá um absurdo. Enquanto o governo não reduzir esse ICMS, não vai ser reduzido nada, a tendência é só piorar”, declarou o vigilante.
Amapá tem menor média de preço
Ainda assim, motoristas de outros estados estão em situação ainda pior do que os amapaenses na hora de abastecer. Segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana entre 24 e 30 outubro, Bagé, no Rio Grande do Sul, teve a gasolina mais cara do país, com R$ 7,88 por litro.
Já a mais barata foi registrada em Florianópolis, com R$ 5,36. O único estado do país que apresentou, segundo a ANP, média de preço por litro abaixo dos seis reais foi o Amapá, com R$ 5,57.
Mesmo com toda a reclamação nacional e com o impacto inflacionário que os combustíveis jogam em todos os setores, estão previstos mais aumentos.
Desde a Itália, participando do G20 e depois da conferência do clima, a COP-26, Bolsonaro informou à jornalistas que um novo aumento no preço dos combustíveis ocorrerá em até 20 dias. A petroleira, no entanto, não confirmou a informação e lançou nota.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”, diz trecho do comunicado da Petrobras.