Por RODRIGO ÍNDIO
Felipe Gustavo, de 16 anos, perdeu parte do movimento da perna durante uma brincadeira com amigos e não anda desde os 4 anos de idade. Ele pensou que jamais teria motivos para voltar a sorrir até conhecer o esporte. Hoje o sentimento é outro.
O garoto lembra que recebeu o convite de um professor, chamado Marlon, que lhe motivou a conhecer as modalidades que melhor se adaptasse. A partir daí, Felipe descobriu o talento para o arremesso de peso, dardo e disco.
O adolescente já participou de três Paralimpíadas Escolares e coleciona 8 medalhas de ouro, prata e bronze.
“Eu vivia triste em casa por não poder andar, hoje sou uma pessoa feliz e campeão. O esporte mudou minha vida. Represento o estado do Amapá, pra mim é um orgulho. Em 2018 competi doente, mas estava determinado a ganhar, e venci. Pretendo seguir nisso pra sempre”, comentou Felipe.
Outro exemplo de superação é Gabriel Vitor, de 16 anos, que teve câncer na perna e precisou amputá-la em 2017. O menino foi acompanhado pela ONG Carlos Daniel e contou também com a motivação de professores da escola Antônio Munhoz, no Conjunto Macapaba, onde reside.
“Foram em casa, conversaram e comecei a treinar. Já ganhei medalha de prata no parabadminton, em São Paulo, e ano que vem pretendo ir novamente pra ganhar mais. Estou feliz, foi importante pra mim conhecer o esporte, novas pessoas e sair de casa”, disse Gabriel.
O autônomo Rony Vilhena, pai de Gabriel, lembra que o filho era muito tímido e evoluiu como pessoa.
“Através desse esporte ele começou a se soltar mais, conversar mais, pois é muito calado. Pra nós, é um orgulho muito grande ver esta inclusão de incentivo para esses jovens”, destacou Rony.
Os dois garotos fazem parte da delegação amapaense de 16 paratletas que competiram no período de 22 a 27 de novembro as Paralimpíadas Escolares 2021, em São Paulo.
A delegação conquistou 21 medalhas de ouro, 11 de prata e 4 de bronze, nas modalidades de atletismo, natação, parabadminton e tênis de mesa.
“Nossa expectativa era trazer 32 medalhas, trouxemos 36, que é uma coisa muito gratificante para o nosso trabalho. Hoje, acontece o festival organizado pelo comitê Paralímpico Brasileiro com apoio de entidades locais”, detalhou o coordenador técnico do 3° Festival Paralímpico e chefe da delegação amapaense das Paralimpíadas Escolares, Rodrigo Ikegami.
O objetivo do evento foi fazer com que crianças de 7 a 17 anos, com deficiência ou não, pudessem participar de modalidades Paralímpicas. Segundo Ikegami, estima-se que no Amapá existam cerca de 8 mil crianças com alguma deficiência. Muitas, desconhecem que podem ter apoio.
“Elas tem que ter conhecimento que existem modalidades específicas para elas. Todas as pessoas com deficiência estão amparadas pelo esporte”, acrescentou Rodrigo.
A rede de apoio pode ser encontrada nos bairros, municípios e estado. Basta procurar informações na Secretaria de Estado do Desporto e Lazer do Amapá (SEDEL).