Por ANDRÉ SILVA
Familiares da acadêmica de fisioterapia Izabelle Santos Rodrigues de 27 anos, que morreu devido a complicações no parto no último dia 4 de fevereiro, estão fazendo uma campanha para arrecadar fraldas, produtos de higiene e roupas para o pequeno Bernardo, que segue internado na UTI neonatal da Maternidade Mãe Luzia em Macapá.
“Ela era muito alegre”, lembrou em prantos a dona de casa Dóris Silva dos Santos de 56 anos, mãe da Iza, como era carinhosamente chamada pela família e amigos. Ela era a segunda num grupo de cinco filhos.
Ainda jovem, Iza foi diagnosticada com lúpus, uma doença inflamatória crônica de origem auto imune que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete principalmente mulheres. De acordo com dona Dóris, a filha sempre levou o tratamento muito a sério tomando regularmente as medicações, principalmente durante a gravidez.
Ela era casada desde de 2020 com o analista de sistemas Alex Cleiton Soares Rodrigues, de 27anos. No ano passado, descobriram que ela estava grávida. A notícia gerou felicidade e preocupação ao mesmo tempo porque a doença deixaria a gravidez arriscada.
Quando tudo mudou
De acordo com a mãe da jovem, Iza fez o pré-natal na policlínica Papaléo Paes, localizada na zona norte de Macapá. O lugar é referência no atendimento de grávidas em condições de risco. Por lá, ela foi acompanhada até o sexto mês, e até então, nenhum sinal de problema havia aparecido. Tudo mudou no dia 24 de janeiro, no sétimo mês de gravidez.
“A tarde ela estava aqui e de repente começou a passar mal. Ela disse: mãe, a minha cabeça está quente e está doendo. Ela mesmo pegou o aparelho (de pressão arterial) e conseguiu aferir a pressão. Ela ligou pra irmã dela, que trabalha em uma UBS, e falou o que estava acontecendo. A irmã dela disse que quando ela chegasse do trabalho ia levar ela na maternidade, porque a pressão dela estava alta”, lembra Doris.
Ali começava a luta pela vida tanto da Iza quanto do pequeno Bernardo, porque o quadro que ela estava apresentando facilmente poderia evoluir para uma eclampsia, que é quando a grávida apresenta pressão alta durante a gravidez. Se o problema não for corrigido, tanto o bebê quanto a mãe correm risco de morrer durante o parto.
No dia 24, ela deu entrada na maternidade Mãe Luzia apresentando o quadro de pressão alta. A mãe relata que ela foi encaminhada para o setor de alto risco e lá ficou em observação, realizando vários exames que poderiam detectar se a criança estava passando por problema ou não.
“Desde que ela deu entrada lá o quadro dela só foi piorando”, relatou.
A estudante ficou internada na maternidade durante 12 dias. De acordo com dona Dóris, os médicos sempre reforçavam que ela era uma paciente de risco e que a qualquer momento poderiam fazer o parto. Até que no dia 4 de fevereiro, depois de um exame de doupler que avalia a oxigenação, assim como os batimentos cardíacos e a circulação sanguínea do bebê, foi detectado que a criança estava em sofrimento, e o procedimento tinha que ser realizado.
Iza foi levada às pressas para a sala de parto e, segundo a mãe, não foi fácil. Depois de algum tempo, a jovem apresentou problema nos rins e um nefrologista foi chamado para fazer uma avaliação.
“Depois que o médico avaliou, disseram que ela precisava ser transferida para o HCAL (que fica ao lado da maternidade). Ela estava acordada e falou comigo. Depois que levaram ela pra lá eu não a vi mais”, contou com tristeza a matriarca.
Horas depois da internação, dona Dóris recebeu uma ligação que dizia que a filha não tinha resistido. Bernardo nasceu prematuro e precisou ficar internado na UTI neonatal, onde está recebe todos os cuidados.
Reação
De acordo com a diretora da Maternidade, Cristina Barros, a criança está reagindo bem às medicações, mas precisará ficar por mais alguns dias internada para criar mais resistência. Ela disse que só poderá passar um quadro mais completo neste sábado (12), quando o médico fará a avaliação e emitirá um boletim.
Agora, a família do Bernardo precisa de ajuda para comprar alguns produtos necessários para manter a criança no lugar, além de dinheiro para eventuais exames que forem necessários. Para isso, conta com a solidariedade de todos.
“O que eu mais quero agora é que ele (Bernardo) ganhe peso e saia de lá. Sobre os cuidados com ele eu não tenho o que reclamar”, disse a avó.
Para doações, a família disponibilizou um número de CPF para transferências via PIX que é o 008.581.642-64. Para informações ligue 99148-1881.