Por ANDRÉ SILVA
Perto de completar uma semana do desaparecimento dos irmão João Batista Verídiano, de 49 anos, e Lopes da Silva, de 47, familiares deram detalhes e falam em superstições para explicar o fato. Eles acreditam que os dois estão encantados por espíritos da floresta.
Os irmãos estão desaparecidos desde domingo (20), quando saíram para apanhar frutos em uma área de mata no Piaçacá, localidade do município de Porto Grande, a 102 km de Macapá.
Lailton Tenório é enteado do João Batista. Ele contou ao Portal SelesNafes.com, por telefone, os fatos que antecederam o sumiço do padrasto.
Segundo ele, no dia do desaparecimento, a mãe dele, o padrasto e o irmão decidiram entrar na mata para buscar frutos. Em determinado ponto, segundo Tenório, a mãe teria tido um pressentimento ruim e tentou convencer os dois a voltar, mas eles teriam ignorado e seguiram mais à frente.
“Ela ficou num ponto da mata, enquanto os dois disseram que iam mais a frente pra descer o baixão (parte baixa do terreno) pra apanhar mais piquiá. Passado uns 20 a 30 minutos, ela foi atrás deles, onde eles disseram que iriam. Gritou por eles e nada. Ela voltou para casa e esperou uma, duas, três horas, e nada deles. Ela se desesperou e chamou um vizinho. O vizinho pegou a espingarda, um terçado, a lanterna e foi atrás deles. Ele voltou umas onze horas e não encontrou os dois”, relatou o enteado.
Ele contou que o padrasto conhece muito bem os caminhos do mato, pois mora no local há 12 anos. Tenório disse que o tio, João, chegou a pouco menos de um mês no estado, a convite do irmão para ajudar na roça. No lugar, eles cultivam macaxeira.
“Não sei se o senhor acredita, cada um tem sua crença, mas as pessoas aqui estão dizendo que eles estão encantados, e quanto mais eles tentam sair da mata mas eles entram. Eles dizem que esse encantamento dura sete dias e amanhã completa esses sete dias, né”, acredita o enteado.
O termo, muito usado entre os moradores da floresta, indígenas e os antigos, sugere que espíritos da floresta agem com o propósito de enganar as pessoas que entram no mato sem permissão, e faz com que eles se percam.
Segundo Tenório, na tentativa de encontrar o caminho de volta, os espíritos fazem com que os ‘invasores’ acreditem estar saindo do lugar, quando, na verdade, estão andando em círculos ou entrando mais ainda na mata.
Cerca de 30 pessoas, entre parentes e integrantes do Corpo de Bombeiros Militar, participam das buscas aos desaparecidos. Alguns rastros já foram encontrados, como pedaços de pau cortados a terçado, roupas de um deles e pegadas, tanto de botas quanto de pés.
Tenório disse que a marca de pegada descalça pode ser do padrasto, que há poucos dias cortou o pé durante o trabalho. Ele sugere que o mesmo possa ter tirado o calçado devido ao ferimento, que deve ter piorado.
Além do CBM e o grupo de buscas de amigos e familiares, o Grupamento Tático Aéreo (GTA) faz sobrevoos de helicóptero na região para tentar avistar os homens do alto, mas até o momento sem sucesso.