Segurança baleado no rosto diz que sobreviveu por milagre

Policial penal que efetuou o disparo é reincidente. Ele foi condenado em 2016 por porte ilegal de arma.
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Por ANDRÉ SILVA

O segurança Bruno Ferreira Picanço de 35 anos, atingido por um tiro no rosto, na madrugada da última quinta-feira (31), relembrou a noite de terror que passou quando foi baleado na tentativa de apartar uma briga de clientes no bar onde trabalha, em Macapá.

O autor do tiro, o policial penal João Carlos de Souza Gemaque, de 37 anos, solto em audiência de custódia, é reincidente na prática. Em 2016, ele respondeu processo por porte ilegal de arma e por estar atirando em uma festa, na capital amapaense.

Bruno é casado e pai de 2 filhos. É segurança há mais de 15 anos. Contou ao Portal SN que já separou muitas brigas e que esse tipo de ocorrência é comum nos eventos que trabalha. Por isso, acreditava que aquela noite seria como tantas outras no serviço. Estava errado.

Já era fim de festa. No bar restavam apenas um cliente, Bruno, um colega segurança e os proprietários do lugar. De repente, o policial penal apareceu, acompanhado de um amigo, identificado como Caio.

“Os proprietários pediram pra eu ficar de olho no cliente porque ele ainda não tinha pagado a conta. Foi quando veio o agente penitenciário (policial) e o que estava com ele, o Caio, que foi pra cima desse rapaz que estava devendo, pra brigar com ele. Eu segurei o Caio”, relatou o segurança.

Resultado de exame mostra o estrago feito pelo disparo do policial penal

Àquela altura, o clima estava bem quente: o rapaz identificado como Caio e o outro cliente passaram a lançar objetos um contra o outro. Enquanto isso, o segurança tentava conter o amigo do policial penal.

Segundos depois, o policial penal, segundo Bruno, se posicionou por trás de um carro que estava estacionado a poucos metros dele, e disparou.

“Primeiro voou uma garrafa. Tanto é que quando fui atingido [pelo tiro], pensei que tinha sido uma garrafa que tinha pegado na minha cara. O Caio – amigo do agente – disse: ‘isso não vai ficar assim’, apontando para boca dele que estava quebrada”, contou Bruno.

O tiro atingiu a região acima da bochecha do segurança e o projétil ficou alojado na parede do ouvido. Um médico otorrinolaringologista fez a cirurgia de retirada da munição.

“O médico disse que sobrevivi por um milagre. Se o tiro atravessasse minha cabeça eu estaria morto”, disse o segurança.

O rosto de Bruno ainda está muito inchado. Ele espera passar por uma cirurgia nos próximos dias, assim que o inchaço diminuir. O procedimento consiste em restaurar parte dos ossos que foram esfacelados com o tiro.

Reincidente e com poder de fogo maior

Não é a primeira vez que o policial penal se envolve em confusão semelhante. Em 2016, ele foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.

O inquérito policial da época relatou que João Carlos Gemaque havia sido detido no dia 8 de maio, por volta de 23h, acusado de fazer disparos durante uma festa na sede campestre do Sindicato dos Servidores Públicos do Amapá (Sinsepeap), na zona sul de Macapá. Com Gemaque, foi apreendido um revólver calibre 38 que não estava registrado no nome dele.

Policial penal João Carlos Gemaque é …

… reincidente na prática de tiros em festas

Ele foi preso em flagrante, condenado a dois anos de reclusão, mas teve a pena relaxada para regime aberto e prestação de serviços comunitários, além uma multa no valor de um salário mínimo, paga ao sindicato. Nessa época, já era servidor público do sistema penal.

Pedido de prisão

Depois que efetuou o disparo que quase acabou com a vida do segurança Bruno, Gemaque fugiu com o amigo, mas foi preso por uma guarnição da Força Tática. Com ele, os policiais apreenderam uma pistola ponto 40. Ele foi para audiência de custódia, mas foi liberado e agora responde ao processo em liberdade.

O advogado do segurança, Chermon Júnior, entrou com pedido de prisão preventiva, baseado no argumento do Ministério Público que diz que o réu mentiu sobre os fatos ocorridos naquela noite e que por estar solto, representa risco para a vida da família do segurança.

Advogado de Bruno informou que pediu a prisão preventiva dele

“Nós fomos atrás das informações sobre ele e descobrimos que é reincidente. Ele já se utilizou de um calibre 38, quando ele atirou também em uma festa. Ele também procurou se eximir da culpa fugindo do local. Tudo isso autoriza a segregação cautelar. Nesse momento é necessária a prisão dele. A própria família do Bruno se sente ameaçada”, explicou Chermon.  

Bruno agora conta com a ajuda de amigos e familiares para custear o tratamento da cirurgia pela qual ainda passará.

O Portal SelesNafes.Com tenta descobrir quem é o advogado responsável pela defesa do policial penal para ter a outra parte da história.

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