Desemprego e criatividade fazem surgir novos empreendedores

Sem emprego formal, amapaenses usam criatividade e investem em seus próprios negócios. Margens da BR-210 viram ponto comercial.
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Por ANDRÉ SILVA

A falta de emprego formal tem levado muitos brasileiros a brilharem em outras atividades que eles jamais imaginaram um dia desenvolver. A necessidade de levar o sustento para casa tem servido de força motriz para o surgimento de ideias e negócios.

Foi o que aconteceu com o Cleber Bandeira Lira de, 43 anos. Ele é paraense e chegou ao Amapá trazido pelos pais quando tinha 19 anos. Estudou na Escola Estadual Gabriel de Almeida Café – o antigo Colégio Comercial do Amapá (CCA). Hoje casado, pai de dois filhos, vigilante de profissão. Um dia desempregado e com a necessidade de conseguir dinheiro para sustentar a família teve uma ideia: vender salada de frutas.

“Não consegui mais vaga nas empresas de vigilância privada. Aí, eu tive que inventar alguma coisa pra sustentar minha esposa e filhos, que na época eram muito pequenos. Aí, inventei a venda de salada de frutas. Deu certo”, relatou.

Mas, o começo foi difícil. No primeiro dia de venda – há quase 10 anos – ele produziu cerca de 40 litros do produto, colocou na mala do carro e foi para a Praça Beira Rio, no Centro de Macapá.

Cleber Bandeira Lira começou negócio há 10 anos. Fotos: André Silva/SN

“Eu cheguei lá e não vendi nadinha (risos). Aí, eu falei: poxa e agora, o que eu vou fazer pra sustentar minha família? Cheio de conta… Não desisti. Aí, tive a ideia de vir aqui para BR-210 e vendi tudo só de uma vez. Desde esse dia, eu decidi não sair mais daqui”, relatou o autônomo.

Atualmente o Cleber vende a salada de frutas em frente ao Supermercado Fortaleza, às margens da BR-210, na zona norte de Macapá. Ele contou que no decorrer do tempo, o produto foi melhorado e o número de clientes também aumentou.

Da mala do carro, Cleber tira…

… o produto que dá o sustento da sua família

No período mais crítico da pandemia e do apagão, não deixou de trabalhar e comercializar.

“Teve uma vez que um senhor com todos os sintomas da doença, parou aqui e comprou a salada. Graças a Deus, foi o período que eu vendi bastante. Mais de dois baldes de salada por dia”, relatou, satisfeito, o vendedor.

O auxiliar de mineração, Henrique Pastana, de 26 anos, sempre que pode leva a família para saborear a salada. Eles elogiam o produto.

“Tem qualidade o produto dele. Muito bom mesmo”, certificou o cliente.

Família sempre saboreia a salada de frutas

Empadas da Vanessa

Mas não é só o Cleber que aproveita o movimento de fim de tarde do local para trabalhar. Vanessa Nascimento, de 41 anos, há mais 10 anos comercializa seus produtos não só ali, mas pelas ruas da zona norte de Macapá.

Ela começou a vender na rua. O primeiro produto era florzinha de jujuba. Na época, estava grávida.

Depois de algum tempo, decidiu mudar de produto e passou a comercializar bombons e pirulitos de chocolate.

Vanessa sai de casa vendendo empadas e chega até a BR-210 pra finalizar vendas

“Só que quando eu estava me levantando e estava conhecida pelas lanchonetes e praças da cidade, veio a pandemia”, contou.

Foi nesse período que entrou pro ramo de salgados. Passou a fabricar coxinha e vender na frente de casa. Depois de passado o período mais crítico da doença, ela decidiu vender empada.

Seu Plácido Cardoso está há 8 vendendo abacaxi…

… água de coco e laranja

Pessoas que caminham e praticam exercícios físicos são as que mais…

… saboream as frutas de seu Plácido e filho

Vanessa é casada, tem quatro filhos e mora no Jardim Felicidade 2. Sai de casa às 16h e quando chega na rodovia já vendeu quase tudo.

Outros amapaenses fazem do local um ponto de venda de produtos para ganhar a vida e sustentar a família.

Empreendedores vendem…

… de tudo às margens da BR-210

Plácido Cardoso de Oliveira, de 61 anos, vende água de coco, abacaxi e laranja. Ele disse que começou a trabalhar no lugar a convite do filho, que é sócio dele no negócio. Eles estão há 8 anos no mesmo ponto.

“Não tem trabalho certo, né… Meu filho começou e me convidou e há oito anos estou aqui. A gente depende do pessoal que caminha aqui. Eles compram bem. São os que mais compram [risos]”, contou satisfeito o idoso.

Seles Nafes
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