Recentemente, o portal do Governo do Estado noticiou que a Secretaria de Transportes – SETRAP estava trabalhando na revisão do projeto de duplicação da rodovia Duca Serra, que liga Macapá, a partir fim da Av. Padre Júlio, em fente ao Quartel do Exército, a Santana na rotatória da Santa, na Av. Santana. São aproximadamente 18 quilômetros que conformam o arco norte do anel rodoviário estruturante da Região Metropolitana de Macapá e Santana. O outro arco é a rodovia Juscelino Kubitschek.
O projeto de duplicação da Duca Serra, quando implementado, representará um alívio para as pessoas que transitam na rodovia que, por dar acesso ao distrito industrial, às estruturas portuárias de Santana, ao Município de Mazagão, concorrem com seus veículos leves, com ônibus, caminhões e carretas pelo reduzido espaço de duas faixas de rolagem a partir da sede da AABB.
Além dos dois centros de ensino superior particulares que estão sendo construídos, do Instituto Federal (Ifap) e do Campus Santana da Unifap, dos bairros já existentes, do complexo penitenciário e das várias empresas, a Duca Serra recebe, mais recentemente, vários investimentos imobiliários que sinalizam fortemente a tendência de crescimento urbano de Macapá e Santana para as áreas ao longo da rodovia.
Outro vetor importante, igualmente estratégico para a configuração urbana de Macapá, o ramal (Rodovia AP-440) que liga a Duca Serra a BR-210, contribui substancialmente para o adensamento de uso da rodovia como instrumento de fluxo de cargas e pequenos veículos.
Todo esse cenário, por si e por agora, já explica a necessidade e justifica os custos financeiros, econômicos, ambientais e sociais do esforço para duplicar a rodovia. Se olharmos para o futuro não muito distante, de vinte anos, fica fácil prever que unicamente a duplicação, nesse horizonte, será insuficiente para o fluxo de pessoas ao longo da via.
A duplicação, hoje, é um custo que traz uma grande oportunidade: agregar ao projeto a possibilidade de implementação de um elemento adicional específico de transporte de passageiros. Um sistema de veículo leve sobre trilho (VLT) de superfície ou de veículo leve sobre pneus (VLP; em inglês : Bus Rapid Transit – BRT). Isso representará um custo adicional significativo ao projeto, mas que pode ser absorvido pela iniciativa privada através de uma concessão pública com prazo 30 anos ou mais.
Ainda que, a essa altura, a iniciativa privada não venha a se interessar pela oportunidade, entendo que o projeto deva prever a solução, permitindo que num futuro próximo, quando mais atrativa comercialmente, o sistema de transporte de passageiros, VLT ou BRT, seja implementado sem maiores transtornos.
* Alberto Pereira Góes, é arquiteto, analista de Ciência e Tecnologia do MCT; secretário municipal de Gestão e Planejamento de Santana