Fotógrafo marajoara mostra Afuá em exposição no RJ

Jota Barbosa tem uma ligação muito forte com o Amapá e planeja uma exposição fotográfica em Macapá.
Compartilhamentos

Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Aos 27 anos, o fotógrafo marajoara, da cidade de Afuá (PA), Jota Barbosa, que tem forte ligação com o Amapá, está com suas fotos expostas pela primeira vez no Rio de Janeiro.

“Reflexos da água” conta com 10 fotografias e mostra a cidade nos períodos de maré alta, quando as águas chegam a encobrir as ‘ruas’ de concreto e madeira que são uma marca da chama Veneza Marajoara.

A exposição começou no dia 25 de agosto e seguirá até o dia 25 de outubro, no charmoso Bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Jota está expondo na galeria após vencer um concurso – pelo voto popular –, concorrendo com mais 680 inscritos.

O fotógrafo já expôs em Lisboa e outras cidades europeias. Ele falou ao Portal SelesNafes.Com sobre a relação com a Amazônia, com o Amapá e de seus planos futuros. Acompanhe.

Belezas da Veneza Marajoara…

… estão expostas no RJ

Qual a concepção do trabalho?

Meu trabalho é voltado à Amazônia, suas paisagens, seu povo, suas tradições, sua identidade. No Brasil atual, onde tudo tá muito obscuro, nosso país cheio de problemas sociais, desmatamento em alta, as agressões ao meio ambiente e à Amazônia aumentam a cada dia, eu entro nessa história para trazer um pouco de luz, de belezas naturais, revelando as belezas dos lugares que muita gente acha que não tem, eu vou lá, tiro uma foto e mostro que ali tem beleza. No meio disso tudo, trago, também, uma mensagem de sustentabilidade e preservação ambiental. Temos que preservar as belezas que a gente vê para as futuras gerações.

Trabalho é voltado à Amazônia, suas paisagens…

… seu povo

Como é para você, do extremo Marajó, estar expondo no Rio de Janeiro?

Eu, como um ribeirinho, nascido e criado às margens do rio, filho de pescadores e agricultores, me sinto extremamente feliz por mostrar meu Marajó para outros lugares do país. Foi isso que me propus desde quando iniciei na fotografia: levar toda a identidade e cultura do meu lugar para o mundo.

Sou uma inspiração para aqueles que moram nos lugares mais longínquos da floresta amazônica e que, às vezes, não acreditam em seu potencial. Então, conhecendo a minha história, eles acabam internalizando que também são capazes de conquistar seus objetivos.

Fotógrafo quer levar toda a identidade e cultura da sua terra natal …

… para o mundo conhecer o cenário amazônico

Como vencer esse concurso pode ajudar na tua carreira daqui por diante?

Vencer esse concurso da Aliança Francesa foi um divisor de águas na minha caminhada fotográfica. A Aliança Francesa é uma instituição que dá bastante visibilidade ao nosso trabalho e, por isso, acabo recebendo vários outros convites para exposições e participações em projetos em escolas. As escolas me convidam e eu participo com muito amor, sempre incentivando e valorizando os novos talentos. Tenho contribuído com projetos pedagógicos de diversas escolas no Pará, levando a fotografia para dentro de sala de aula.

Afuá é um local singular, de “ruas”…

… e “avenidas” em madeira

Vencer esse concurso me deu forças e coragem para encarar novos desafios. Estou planejando uma incrível exposição fotográfica em Macapá, porque o estado do Amapá é rico em belezas naturais e quero mostrar tudo isso. Também serei padrinho de um projeto escolar em Macapá, intitulado “talento fotográfico”, onde crianças colocarão em prática seu olhar fotográfico.

Após várias premiações nacionais e internacionais, me sinto amadurecido e criamos, eu e a escritora Rose Show, o Troféu Afualidades, grande premiação para artistas do Município de Afuá, no mês de outubro, que, inclusive, vários fotógrafos terão seus relevantes trabalhos artísticos e culturais reconhecidos e premiados.

Tem alguma das fotos que é a tua preferida? Qual e por quê?

A preferida do autor

Das dez fotografias que estão fazendo parte da exposição, a minha preferida é essa, intitulada “o trabalhador”. Porque mostra toda a singularidade da cidade de Afuá. Aliás, é sobre isso que trata a exposição, sobre os reflexos da água na cidade. No período da maré alta, mesmo com as ruas cobertas de água, a cidade não para. O trabalhador continua trabalhando, as lojas e comércios continuam abertos, mesmo alagados, e atendendo os clientes.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!