Após a pior derrota em eleições, PSB precisa se reinventar para não virar nanico

Em 2023, partido terá apenas o mandato de Janete Capiberibe como vereadora de Macapá
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Por SELES NAFES

Pela primeira vez em três décadas, o PSB não disputou o principal cargo de uma eleição no Amapá. Acostumada a ser protagonista em pleitos, a legenda comandada pela Família Capiberibe derreteu, e hoje não é nem a sombra do poder e alcance que teve.

A ascensão do partido se deu com a eleição de João Capiberibe como prefeito de Macapá, em 1988. Aliás, apenas os membros da família ocuparam os principais cargos eletivos. O “vitalício” presidente da legenda foi governador por duas vezes, entre 1995 e 2003. Em 2004 foi eleito senador.

Depois da cassação por compra de votos, em 2005, Capiberibe concorreu ao governo em 2006, e foi derrotado ainda no primeiro turno por Waldez Góes (PDT).

Em 2008, o herdeiro Camilo Capiberibe, que já era deputado estadual, foi derrotado no segundo turno por Roberto Góes na corrida pela prefeitura da capital. Dois anos mais tarde, embalado pela onda da Operação Mãos Limpas, elegeu-se governador.

As vitórias de 2010 de Camilo para o governo e de Capi para o Senado foram as últimas do PSB em eleições majoritárias. A derrota de 2014 para o eterno adversário Waldez Góes representou um marco na chamada “ladeira abaixo”. Em 2016, houve outro revés com o candidato da legenda, Ruy Smith, amargando somente 3,7% dos votos na disputa pela prefeitura da capital, sendo o penúltimo colocado e ficando atrás até mesmo do candidato do PSTU à época.

Para os Capiberibes e o PSB, 2018 foi um ano sombrio. O plano de Capi ser governador e de Janete senadora novamente esbarrou em Waldez e também em Lucas Barreto (PSD), que venceu Janete por uma das vagas no Senado.

Capi lançou Piedade Vieira que nem era ainda filiada ao partido, deixando para trás lideranças históricas do partido. Foto: Rodrigo Índio/SN

Capi terminou a corrida pelo Senado com 5%

Em 2020 outra derrota. Capi não passou nem para o 2º turno da eleição para a prefeitura de Macapá, mas Janete conquistou uma vaga de vereadora.

No início de 2022, nos preparativos para mais uma eleição, o PSB tinha a oportunidade de renovar os quadros e enfrentar a eleição com nomes novos, mas enfrentou uma debandada de lideranças históricas do partido, cansados da concentração do poder de decisões nas mãos da família. A única renovação lançada, a professora Piedade Vieira, nem era filiada ao partido, e acabou rompendo com Capi a quem acusou de atitudes racistas e machistas. 

Terminar a corrida pelo Senado com apenas 5% dos votos, em 2022, foi o pior resultado do PSB em uma eleição, mesmo comparado com a baixa votação de 2016 na disputa por Macapá. Isso porque dessa vez os socialistas não elegeram ninguém. Com a derrota de Camilo Capiberibe para a Câmara dos Deputados, alcançando pouco mais de 9 mil, o único mandato agora do clã é o da vereadora Janete.

O PSB tropeça na solução por pura miopia política, mas ainda não pode ser chamado de um partido nanico no Amapá pelo tamanho da base que ainda possui. Capi ainda tem vigor físico e é um dos políticos mais inteligentes do país, mas precisa começar a pensar em renovação, se não quiser ser lembrado como a liderança que sepultou a legenda.

Seles Nafes
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