“O filho dela atirou”, diz ex-policial acusado do feminicídio de Kátia Silva

O julgamento já dura 5 dias em Macapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

O réu de um dos mais longos julgamentos da história policial do Amapá, o ex-policial civil Leandro de Freitas, acusado de matar a empresária Kátia Silva, crime ocorrido em 2020, falou ao Júri Popular, nesta quinta-feira (21). O julgamento já dura 5 dias.

Ele falou que conheceu Ana Kátia no dia 2 de julho, porque ela era amiga de sua irmã. Já sobre o filho da vítima, Kadu, Leandro disse que o conhecia “de vista”, por ele frequentar o mesmo clube para jogar futebol, mas disse que não tinha amizade com ele.

Para a juíza Lívia Freitas, Leandro confirmou a versão de que ele e Kátia estavam em um aniversário de uma familiar na casa do irmão do réu, na zona norte da capital, e que começou a beber entre às 16h e 16h30.

Às 17h, Kadu, que a defesa de Leandro diz ser o autor do disparo, e sua família foram embora. Após um combinado entre os participantes do 1° aniversário eles decidiram ir a zona sul continuar a confraternização, desta vez para comemorar o aniversário da esposa de Kadu.

Ele disse que chegou com outras pessoas na casa de Kadu, no local onde ocorreu o crime, por volta de 20h. Ele contou que na chegada foi pegar comidas com Kátia na casa dela, que fica nas proximidades da cena crime.

Quando chegaram, Kadu saiu para comprar bebidas. O réu disse que cedeu seu cartão e carro. Sua arma estava embaixo do banco do motorista. Depois disso, segundo Leandro, Kadu emprestou o carro para buscar um familiar.

Réu falou por várias horas. Fotos Rodrigo Índio

Quando chegaram, Leandro tirou a arma do carro e colocou na cintura. Confirmou que por volta de 23h e 23h30 saiu para comprar bebidas próximo a uma área de pontes.

Segundo Leandro, lá, Kadu desceu para pedir bebidas e teria pedido a arma. Durante a compra, segundo o réu, o filho da vítima teria pedido a arma para intimidar suspeitos no estabelecimento. Freitas negou.

Na frente da casa, eles teriam tido uma conversa sobre a atitude. Foi quando surgiram três pessoas com as características dos rapazes do comércio.

Leandro disse que atirou uma vez, os três rapazes teriam continuado, Leandro teria apontado arma para eles e depois atirou para cima. Freitas e Kadu teriam entrado para a residência, então.

Algumas pessoas já tinham ido embora antes dos disparos. A PM chegou no local por volta de meia-noite. Kadu e Kátia teriam ido e falado que teria sido bombinha. Lá, Leandro foi até a equipe e abraçou uma amiga policial.

Disse que estava flertando com Katia e que ficaram naquele dia. Leandro disse que estava no banco de trás por estar muito com sono, cansado e bebido. A filha de Kátia, de 11 anos, foi no banco da frente.

“Depois que voltamos, ela estacionou. Saiu da porta do motorista e abriu a minha porta. Começamos a ficar, foi quando tudo aconteceu. Ele [Kadu] chegou, entrou no carro pela outra porta e pegou a arma. Não sei se estava preocupado de eu estar com a arma ou com a mãe”, declarou em juízo.

Julgamento já dura 5 dias

Ele disse que mesmo na condição que estava, ele ainda tentou recuperar sua arma. Com isso, foi baleado e o tiro atingiu Kátia, que caiu, lentamente, fora do veículo.

Leandro disse que não sentiu o tiro e nem dor. Um amigo teria tirado ele do carro, teria o indagado no muro e depois o sentado numa calçada. Com isso, lembra de ter levado uma coronhada de Kadu na cabeça. Daí, só se lembra de estar no HE. 

“Não tive relacionamento amoroso com ela. Ia ter naquele dia algo”, destacou.

Leandro foi orientado a não responder aos promotores, só à juíza. O réu declarou, às 17h52, que iria parar de responder e permanecer em silêncio para a assistência de acusação.

Depois do depoimento, começou debates entre defesa e acusação. A previsão é que o julgamento siga pela madrugada.

Seles Nafes
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