Por RODRIGO ÍNDIO
As parteiras e benzedeiras ainda são comuns nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, mas nos centros urbanos é cada vez mais raro encontrar uma. Algumas oferecem os serviços de “puxadeira”, de proteção para o mau-olhado e de preparo de garrafadas supostamente milagrosas, capazes de curar doenças e até engravidar qualquer mulher que sofresse de “útero seco”.
Em Macapá, a mais famosa curandeira foi dona Maria Castorina Ardasse da Silva, conhecida como Dona Castorina, que morreu em março de 2015, aos 86 anos. Hoje, pouco se vê desses “profissionais naturais” pela capital.
Esse antigo ‘ofício’ está em extinção. É raro encontrar esses serviços, mas ainda existe. Na Avenida 13 de setembro, no Bairro Buritizal, zona sul de Macapá, há uma remanescente: dona Maria Regina Vieira Ramos, de 74 anos.
Na frente da casa dela uma placa anuncia o principal serviço: “Puxa-se em geral”, diz o letreiro que tem um número para contato.
Muito simpática, é mãe de 9 filhos, dos quais a maioria está criada e já casou. Apenas dois menores moram com ela. Dona Maria é de Gurupá (PA), mas já mora há muitos anos no Amapá e se declara amapaense de coração.
Disse não ter escolaridade, mas que realiza todo tipo de trabalho, incluindo puxadeira e faz garrafadas. Dona Maria detalha que nasceu com esse “dom” e que foi aprimorando com a vivência.
“Comecei aos 12 anos. Foi algo natural, fiz o parto da minha irmã. Depois fui cuidando das outras pessoas, puxava e fazia garrafadas milagrosas. Hoje, digo que já fiz mais de 100 partos e já curei muitas pessoas doentes. Conheci muita parteira, muita puxadeira, muita benzedeira, hoje são pouquíssimas”, contou.
A senhora detalhou sobre os serviços.
“Puxo de tudo, joelhos, costas, pernas, cabeça, e por aí vai. As garrafadas servem para doenças como gastrite, H. pylori, infecção intestinal, infeção urinária e outras. Tem aquelas para quem deseja engravidar também. Ajeito criança na barriga. Enfim, meu filho, faço de tudo um pouco, com fé e oração”, detalhou.
Já sobre a eficiência ela garantiu.
“Dá certo, e como dá. Tenho pessoas eternamente gratas e isso faz eu seguir nesse trabalho até ficar bem velhinha, basta me procurar”, finalizou, sorrindo.
O preço do serviço parte dos R$ 30. Ela trabalha quase todos os dias no horário comercial, em sua casa mesmo.
Ela mora no Conjunto Jardim Açucena, bloco 5, quadra 9. O apartamento fica em frente à creche Tia Chiquinha. A mulher é bastante conhecida na comunidade. O número para contato é (96) 99104-5040, só para ligação.