Por JÚLIO MIRAGAIA
Vez em quando, os deuses do futebol nos presenteiam com esses grandes espetáculos que fazem o planeta parar. E assim foi na final da Copa do Mundo do tempo presente, no ano de 2022, no Catar.
Se estivesse vivo, o escritor uruguaio Eduardo Galeano escreveria um novo ato em seu clássico “Futebol ao Sol e à Sombra”, porque a guerra do estádio Lusail, de Argentina e França em busca do tri, foi épica.
De um lado, o país sul-americano pela honra de seus próprios deuses, como Maradona. Do outro, a grande potência do futebol moderno, forjada nos ensinamentos de Zidane.
Mas os atores principais da epopeia euroamericana eram Lionel Messi e Kylian Mbappé. E foi o atacante revelado no Newells Old Boys quem colocou seu nome no seleto panteão de Pelé, Rossi, Klinsmann, Dieguito, Zizu, Muller, Ronaldo, entre outros.
O jogo, definitivamente, não foi um detalhe. Foi montanha-russa de emoções com um dois a zero que aparentemente caminhava para um trunfo mais sossegado dos hermanos, com gols de Messi e Di Maria, mas a França tinha Mbappé e um forte coletivo, atual campeão mundial de seleções, que levou a disputa para o tempo extra.
E na prorrogação a emoção foi ainda às alturas com Messi botando a listrada azul celeste na frente uma vez mais e o 10 francês equilibrando a partida para o encerramento da disputa em tempo normal sem vencedor.
Nos penais, o sopro divino se deu em favor do goleiro Martínez. No chute a chute também, houve uma amarga lição em forma de curiosidade para nós, verde e amarelos, eliminados em penais nas quartas para a Croácia de Modrić: os dois craques, de chuteiras argentinas e francesas, foram os primeiros a bater suas cobranças.
Ao fim, ao sol e à sombra Catari, o tri é latino-americano e a provocação de Mbappé – que o futebol sul-americano não é tão avançado – cai por terra como findam todos os excessos no onze contra contra onze. O futebol, felizmente, é mais que um esporte. É a celebração do inexplicável em forma de gol.