Por ANDRÉ ZUMBI
As crianças e adolescentes que lutam contra o câncer no Amapá, participaram na manhã desta quinta-feira (22) de uma celebração à vida. Muitos ainda enfrentam a doença e outros já estão curados e hoje fazem apenas acompanhamento de rotina. A programação aconteceu em um salão de eventos localizado na zona sul de Macapá.
Entre os que foram curados, e que agora faz apenas o monitoramento, está o jovem Alisson Pereira, de 22 anos. Ele tinha apenas 13 anos quando descobriu que tinha um linfoma. Lembrou que na época a notícia não foi muito bem recebida por ele e pela família.
“A princípio eu não acreditava. Era como se tivesse caído uma bomba em cima de mim. Não imaginei que pudesse passar por isso na vida. Fiquei muito triste, chorei muito. Só que depois eu fui tendo fé de que ia vencer. Fui pra São Paulo, foi um tratamento complicado porque via muitas pessoas perdendo a vida pra doença. Mas hoje estou aqui e há seis anos faço acompanhamento”, lembrou o jovem.
Alison é um dos pacientes oncológicos do Amapá que recebem ajuda da ONG Carlos Daniel. A instituição ofereceu um café da manhã às famílias dos pacientes nesta quinta. No Amapá, não existe tratamento de câncer para crianças e adolescentes.
A gerente administrativa Rute Rodrigues Dias, de 37 anos, mãe de Jackson Samuel, de 10 anos, contou que em 2015, quando ele ainda tinha 3 anos, descobriu que tinha leucemia. Relatou o quão difícil foram os momentos até que o diagnóstico fosse fechado e eles fossem para São Paulo em busca da cura.
“Ele ficou internado uma semana na Unimed (Macapá), sem saber o que tinha. Depois da avaliação com a hematologista e a realização de exames, ela aconselhou que nós não esperássemos 30 dias para o resultado do exame – bem parecido com o que aconteceu com o Carlos Daniel. Então, eu disse: ‘não vou esperar’. Ligamos para São Paulo e falamos no Hospital Santa Marcelina, foi quando conseguimos a vaga. Já em São Paulo conheci o Tinho [presidente da ONG], que tinha perdido o Carlos. Ele já conhecia muitas mães que acompanhavam seus filhos em tratamento que estavam na mesma vila que eu, e ele aparecia pra ajudar. Até hoje, ele nos acompanha e ajuda”, relatou a mãe.
Jackson passou 3 anos fazendo tratamento no hospital Santa Marcelina em São Paulo, a doença regrediu e hoje ele faz acompanhamento.
A diretora da ONG, Priscila Nascimento, disse que todos os anos a instituição faz uma celebração de encerramento das atividades executadas.
“Hoje é o momento de celebrar e agradecer, celebrar a vida, que é muito importante, porque a gente sabe que perdemos algumas crianças no meio do caminho. As crianças que estão aqui hoje, algumas foram liberadas para passar o natal com a família ou estão só em acompanhamento. A ONG se preocupa com o pós-tratamento, de ter certeza se eles vão ter a ceia farta no Natal e se vai estar com a família”, disse.
A ONG Carlos Daniel atende, atualmente, 54 crianças, algumas em tratamento e outras apenas monitorando a doença.
A programação contou com apresentação de palhaços e brincadeiras, além de distribuição de cestas básica e natalinas.