Com garrafão de água a R$ 12, Bailique vive ‘seca’ e ‘escuridão’

Moradores do distrito de Macapá relatam estarem há vários dias sem energia e água para beber. Muitos adoecem porque arriscam tomar água do rio que sofre salinização.
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Por ANDRÉ ZUMBI

Moradores da comunidade Vila Macedônia e de mais quatro localidades do Arquipélago do Bailique, distrito ribeirinho de Macapá, pedem socorro.

Eles gravaram um vídeo onde relatam estarem sem água potável e sem energia elétrica há vários dias. Para não ficar com sede, compram garrafões de água mineral de 20 litros a R$ 12 na região – até 310% mais caro que na capital.

Moradores pedem ajuda tanto da Prefeitura de Macapá quanto do Governo do estado.

“Estamos chegando a um momento grave. Estamos há alguns dias sem energia elétrica, estamos passando dificuldade com água salgada. Então, pedimos ao poder público que possam nos ajudar. Não temos a quem recorrer. Estou há 22 anos morando no arquipélago do Bailique, é o momento mais difícil que estou vendo, é esse”, narrou um dos moradores no vídeo.

A reportagem tentou, sem sucesso, contato com os moradores da Macedônia. Além dela, outras quatro comunidades passam a mesma situação: Igarapé do Meio, Aparecida, Jaranduba e Itamatatuba.

Garrafão de 20 litros de água mineral custa R$ 12 na região

“Estou há 22 anos morando no arquipélago do Bailique, é o momento mais difícil que estou vendo, é esse”, narrou morador em vídeo. Foto: Reprodução

Ozenir Correa, de 57 anos, mora há 12 em Itamatatuba. Segundo ela, muitas famílias não têm condições de comprar um garrafão a R$ 12, por esta razão, moradores se arriscam em beber a água do rio e acabam adoecendo.

“Às vezes, dá diarreia em crianças e em adultos também, porque a água está salgada. Uma época, a gente fez uma inscrição para ganhar caixa d’água pra conservar água boa, mas aqui no Itamatatuba disseram que a gente não precisava, e aí, não chegaram essas caixas”, reclamou.

Ela relatou que usa placa solar com um conjunto de baterias e, se não fosse isso, a situação estaria pior.

Dona Ozenir: “sofre porque não tem condições de comprar placa, não tem condições de comprar água”. Fotos: Divulgação

Quem não tem sistema de geração fotovoltaica fica no escuro

“A energia também é assim: tem vezes que tem e tem vezes que não tem. Quando dura uma noite inteira está bom demais, mas no caso é assim que fica horas tem e horas não tem. Bem poucas pessoas tem placa solar. Aqui na comunidade só nós temos placa e umas três famílias do outro lado que têm. O resto sofre porque não tem condições de comprar placa, não tem condições de comprar água”, questionou.

A Equatorial Energia ressaltou que faz intervenções na região, que sofre o fenômeno Terras Caídas, que ocasiona quedas de postes localizado às margens da ilha, o que dificulta operação.

A empresa diz ter reforçado as equipes operacionais para garantir o atendimento das ocorrências dentro do menor tempo possível. O ponto de atenção está voltado para restabelecer a energia em Macedônia.

Caesa

A Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) informou que a estação de captação de água da Vila Macedônia foi comprometida pelas terras caídas e deixou de operar. Além disso, a salinização das águas também inviabilizou o tratamento do líquido.

Para solucionar este problema, o Governo do Amapá já iniciou a distribuição de reservatórios para a captação de água pluvial e a previsão é de que, até o fim de janeiro, o cadastramento das famílias da comunidade Macedônia esteja completo, para que a distribuição dos reservatórios bem como dos kits de captação e tratamento seja feita a estes moradores.

Na Vila Progresso, o sistema de água está ameaçado pela erosão do solo. A equipe de engenharia da Caesa trabalha no projeto para remoção da captação até uma área mais segura,.

 

Seles Nafes
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