Por ANDRÉ ZUMBI
A frase icônica que dá título a esta matéria era o bordão de Ronaldo, 66 anos, dono do Bar do Abreu, um dos pontos mais frequentados pela boemia amapaense, personalidades, jornalistas e profissionais dos mais variados ramos do Amapá.
Ronaldo Abreu morreu na madrugada desta segunda-feira (26), depois de perder a luta contra um câncer descoberto já em metástase.
O advogado Orlando Neto, 44 anos, era sobrinho de Ronaldo, mas se considerava quase um filho. Ele disse que o tio, que era paraense, chegou em Macapá há cerca de 40 anos para morar com o pai, com quem decidiu abrir um açougue. Além de carne, o empreendimento comercializava cerveja.
“Mas vendia mais cerveja do que carne e, aí, pararam de vender carne e ficaram só na cerveja (risos)”, lembrou, com alegria, Orlando.
O açougue/bar funcionava na Avenida Ernestino Borges, esquina com a Rua Odilardo Silva. Depois, mudaram um pouco mais pra frente, mas na mesma avenida, desta vez como bar para o canto da Jovino Dinoá.
De lá, para a Rua Eliezer Levi; em seguida para o Bairro do Trem, onde funciona atualmente o Magazine Santa Lúcia e, por fim, na Avenida FAB. Concomitantemente, promoviam eventos em um galpão na Jovino Dinoá, no Jesus de Nazaré.
Além disso, Ronaldo organizava o concorrido Réveillon do Bar do Abreu, a Carroça do Abreu, que todo ano saia no bloco de carnaval A Banda, em Macapá, e a Pelada do Abreu.
O bar fechou durante a pandemia de covid-19 e não abriu mais. A família disse que foi no mesmo período que Ronaldo começou a apresentar problemas de saúde. O câncer só foi descoberto em novembro do ano passado, já em metástase – termo médico que indica que o câncer se espalhou para outros órgãos.
O jornalista Gabriel Penha, disse que passou a frequentar o bar no final da década de 1990. O lugar foi apresentado por um amigo. Ele contou que Ronaldo era mais que o proprietário. Para muitos clientes, ele era um amigo e parte da família.
“Ele sabia transformar clientes em amigos. Tanto é que o Bar do Abreu teve um ponto auge, onde virou uma confraria. Lá, eu passei a constituir uma amizade não só com ele, mas com a dona Eliete, que era esposa, e com os filhos. Costumo dizer que o Bar do Abreu era uma família que tinha funcionários, nós que frequentamos, mas principalmente a referência que era o Ronaldo, que sempre chegava com aquela frase: ‘Boa noite doutor, no capricho!’ Isso eu vou levar para o resto da vida”, enfatizou o jornalista.
No velório, que acontece na Avenida Mendonça Júnior, no Centro, Penha lembra das amizades que fez e que duram até hoje.
“O padrinho da minha filha eu conheci lá e somos amigos há mais de 20 anos. O Amapá se despede de uma figura icônica”, lamentou o jornalista.