Por SELES NAFES
O vazamento de um parecer de técnicos do Ibama sobre o pedido para perfuração de um poço na costa do Amapá acendeu um alerta na bancada federal e no governo estadual. O líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), enfatizou que a permissão para exploração de petróleo está muito acima do Ibama.
O documento é contrário ao pedido da Petrobrás para a perfuração de um poço de pesquisa, e cita um estudo obrigatório que a empresa estatal não teria feito, entre outros motivos. Por enquanto, trata-se de um parecer, e não de uma decisão já tomada pela direção do Ibama, como órgãos de imprensa chegaram a noticiar.
Há um lobby de segmentos do próprio governo, ONGs ambientalistas, empresas e políticos contra a autorização para que a Petrobrás inicie a pesquisa. O projeto prevê a perfuração de um poço exploratório, a 2,8 mil metros de profundidade, a mais de 500 km da foz do Rio Amazonas. Se houver a confirmação de Petróleo, a estatal entrará com outro pedido para produção e transporte.
“A exploração de petróleo no Amapá é uma decisão estratégica de governo. O Ibama não poderá decidir sozinho, terá que conversar com a Casa Civil e com todo o governo”, avaliou Randolfe.
O governador do Amapá, Clécio Luís (SD), também foi informado a respeito do parecer.
Randolfe jantou no último sábado (29) com o presidente da Petrobrás, Jean Paul Patres, e ouviu dele que a estatal tem todo interesse em levar adiante o projeto Águas Profundas. A empresa já teria planos alternativos de ação em caso de uma negativa do Ibama. A Petrobrás, inclusive, já teria respondido aos itens apontados no parecer e aguarda decisão do instituto.
A Guiana enriqueceu
O senador de oposição Lucas Barreto (PSD) também demonstrou preocupação com o parecer técnico, e citou o desenvolvimento da Guiana Francesa que explora na mesma na placa da Margem Equatorial (onde a Petrobrás quer perfurar), e está faturando US$ 15 bilhões por ano.
“Pode explorar na margem equatorial toda. Por que não no Amapá? Estou solicitando uma reunião com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e com o presidente da Petrobrás”, avisou.
Lucas Barreto enviou ao Portal SN um áudio de entrevista do ministro Alexandre Silveira onde ele afirma que seria um golpe na economia brasileira não permitir a pesquisa para futura exploração no Amapá. Contudo, Silveira deixou claro que todas as atividades econômicas serão realizadas obedecendo a legislação.
“A Margem Equatorial é uma questão de sobrevivência do setor. Na Guiana já há uma grande exploração gerando dividendos e riqueza para o povo dali. (No Amapá) Pode ser um novo pré-sal. O Ibama se comprometeu em se debruçar com os técnicos para achar uma solução para permitir”, informou o ministro.