Família de Eldo não desiste e luta por prisão do motorista atropelador

Pais do cabeleireiro e promoter de show em Macapá ainda sofrem com a perda do filho.
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Por ANDRÉ SILVA

Há três meses a família do cabeleireiro Eldo Duarte, morto aos 42 anos, em fevereiro, espera que o homem acusado de provocar o acidente que tirou a vida dele em um atropelamento seja preso e condenado.

“Jamais pensei que ele almoçaria com a gente aqui na sexta, e, no sábado, ele estaria morto”, sente dona Neci Maria Monteiro, de 70 anos, ao lembrar do filho.

Ela lembra com saudade que Eldo era um ótimo filho. A cada dois dias, ele visitava os pais, que são caseiros em um clube de Macapá, para levar alimentos e suprir necessidades básicas.

“Desde o covid, eu passei a ter dificuldade para comer as coisas. É difícil eu comer. E ele vinha aqui em casa, ficava prestando atenção no que eu comia, que era pra ele trazer”, lembrou a idosa.

Motorista olhou a vítima e foi embora. Foto: Reprodução

Eldo morreu na hora. Foto: Olho de Boto/SN

Ela e o marido, Antônio Duarte, 76 anos, continuam sem saber porque a Justiça decidiu manter o acusado, Miguel Ângelo do Rosário Almeida Filho, solto. Dizem isso, porque as imagens do atropelamento, ocorrido na rotatória da Rua Hildemar Maia com a Rodovia Josmar Chaves Pinto, no Bairro Pedrinhas, zona sul de Macapá, deixam bastante evidente a imprudência do motorista, afirmam os pais da vítima.

“Como o senhor pode ver no vídeo, que mostra ele matando o Eldo, dois carros passaram por ele e ele não avançou. Parece que ele estava esperando só o Eldo passar pra ele fazer aquilo. O que queremos é justiça. Está com três meses e ele não pagou nada pelo que fez. Ele morreu e não volta mais. Esse cara tem que pagar pelo que fez”, protestou a idosa.

Os pais do cabeleireiro…

… e o irmão de Eldo pedem a prisão…

… do acusado Miguel Ângelo do Rosário Almeida Filho

Segundo Edielson Duarte, irmão de Eldo, o advogado da família vai pedir uma reconstituição dos fatos para mostrar toda dinâmica do ocorrido. Edielson afirma que acusado alegou ‘ponto cego’ do carro, mas ele não acredita.

Ele também protesta contra a liberdade do motorista e discorda da tipificação do crime, que foi classificado pela justiça como, culposo, quando não há intenção de matar.

“A gente conversou com o nosso advogado para ele recorrer da decisão do juiz. A gente quer entender porque negaram a prisão dele, preventiva. A imagem mostra o crime de não socorrer a vítima. Mostra ele jogando um objeto quando sai do carro. Tem testemunha que viu ele jogando uma garrafa de cerveja. Viu ele embriagado lá na orla. A testemunha viu, então porque o juiz é o promotor não aceitaram a denúncia e não prenderam ele?”, questionou indignado o irmão.

Eldo morreu na hora do atropelamento

Além de sociedade com um irmão em um salão de beleza, Eldo era empresário do ramo shows em Macapá.

No dia 18 de fevereiro (terça-feira de carnaval) ele transitava em sua motocicleta quando foi atingido por uma picape Triton vermelha, que avançou uma das preferenciais da rotatória tentando entrar na Rua Marola Gato. Imagens de câmeras próximas do local, mostraram toda a dinâmica dos fatos.

Nelas, é possível ver o motorista, após o choque, descer da picape, olhar para o empresário no chão, voltar ao carro e se livrar de um objeto. Em seguida, entra no carro e foge do local sem prestar socorro.

Em depoimento à Polícia Civil, o motorista alegou que se sentiu ameaçado e, por isso, deixou o local do acidente sem auxiliar a vítima que havia atropelado.

Em abril, o juiz José Castellões Neto, da 3ª Vara da Justiça do Amapá, ao avaliar o pedido de prisão preventiva do acusado, entendeu que Miguel Ângelo não oferece risco à instrução do processo e nem à ordem pública.

A reportagem tentou falar com Ângelo, mas a pessoa que atendeu o telefone disse que ele não estaria no momento da ligação.

Seles Nafes
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