Recarga de veículos elétricos pode afetar distribuição, diz engenheira amapaense

Artigo científico da engenharia eletricista Amanda Barros foi publicado na revista científica internacional Energies, que tem sede na Suíça.
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Da REDAÇÃO

Um estudo realizado pela engenheira eletricista do Amapá, Amanda Barros, apontou que recargas simultâneas de automóveis elétricos na rede de distribuição convencional podem reduzir drasticamente a vida útil de transformadores do sistema de fornecimento.

A conclusão é resultado de uma pesquisa divulgada por meio do artigo científico intitulado ‘Os impactos dos veículos elétricos com bateria de longo alcance na vida útil de transformadores de distribuição’. Ele foi publicado no dia 20 de junho na revista científica internacional Energies, que tem sede na Suíça.

Durante a pesquisa, que teve a duração de um ano, foram utilizados dados de consumidores do Reino Unido – onde estes veículos são bastante usados e –, segundo a engenheira, são suficientes para a elaboração do estudo.

De acordo com a engenheira amapaense, que é mestranda na Universidade Federal do Pará (UFPA), a ação pode sobrecarregar o transformador, afetando, assim, a vida útil dele.

Amanda Barros é formada pela Unifap e mestranda da UFPA

“Quanto maior o nível de consumidores carregando os veículos ao mesmo tempo, maior é o impacto na sobrecarga dos transformadores, diminuindo a vida útil desse equipamento. Essa sobrecarga também pode fazer com que o equipamento possa ser danificado, o que pode acarretar com uma falta de energia na localidade”, reforça.

No artigo, Amanda Barros expõe também que, se de 100 residências, 50% estiverem recarregando as baterias dos automóveis ao mesmo tempo, o transformador tem o tempo de vida reduzido de 20 para apenas 4 anos – e na melhor das hipóteses.

“Isso se ele, hipoteticamente, estiver funcionando, pois, muito provavelmente ele ficaria defeituoso e não entregaria mais energia”, completa a engenheira.

Segundo o estudo, vida útil dos transformadores e rede de distribuição de energia

Para ela, um começo de solução para o problema seria a elaboração, pelas as concessionárias de energia elétrica, de um estudo do perfil de carga da localidade. E, então, a partir disto, modernizar a rede de distribuição, investir em energia fotovoltaica e promover o gerenciamento de carga inteligente, por exemplo.

“Então, no mínimo, as concessionárias deverão investir na aquisição de novos transformadores”, apontou.

A engenheira ressalta que, apesar de ter sido feito no Reino Unido, o resultado do estudo publicado no artigo reflete uma realidade um pouco mais vantajosa em relação ao Amapá.

“Então, podemos deduzir que, se numa localidade onde o cenário é mais favorável, o acréscimo de veículos elétricos já sobrecarrega o transformador, então numa região como a nossa, onde os transformadores já estão sobrecarregados somente com a carga residencial, o acréscimo da carga de veículos elétricos também poderia ser mais severo para os equipamentos daqui. Porém, este estudo serve apenas como base e um alerta. Para ter mais confiabilidade e 100% de certeza, é necessário realizar um estudo técnico para cada localidade”, explicou.

Artigo da engenheira foi publicado na revista científica internacional Energies

Amanda Barros acrescentou que, diante dessas conclusões, a preocupação é que não haja planejamento por parte da concessionária para a chegada destes automóveis no Amapá.

“A preocupação é que ocorra um ‘boom’ na aquisição de veículos elétricos e, assim, novos apagões, até porque sabemos que a rede elétrica do Amapá vive em constante sobrecarga”, concluiu.

Amanda Barros: “Quanto maior o nível de consumidores carregando os veículos ao mesmo tempo, maior é o impacto na sobrecarga dos transformadores”

Sobre o assunto, a CEA Equatorial informou que por se tratar de uma realidade ainda distante do Amapá, não dispõe de estudos sobre o impacto na matriz energética ocasionado pelos carros elétricos. Em nota, a concessionária explica que pela baixa adesão ainda registrada na compra de carros abastecidos por energia elétrica, atualmente não tem realizado estudos na área, além de não prospectar o aumento deste consumo.

O artigo científico está disponível no link: https://doi.org/10.3390/en16124810.

Seles Nafes
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