Por HUMBERTO BAÍA, de Oiapoque
Uma força-tarefa de técnicos agropecuários e sanitários está em Oiapoque, município a 590 km de Macapá, para dar início a um plano de combate às pragas que atingiram em cheio grandes plantações de mandioca, a matéria prima da farinha e um dos principais produtos da base alimentar dos amapaenses. Mais cedo, nesta sexta-feira (21), o governador Clécio Luís (SD) decretou situação de emergência.
O decreto leva em consideração notas técnicas da Embrapa e da Diagro, publicadas em junho, informando a ocorrência de doenças em plantações de mandioca localizadas em áreas extensas de Oiapoque, mais especificamente em terras indígenas que são grandes produtoras do tubérculo. Ao todo, o plantio em 66 aldeias foi afetado.
Além disso, o decreto afirma que a Defesa Civil não tem recursos para atuar neste evento que é considerado nível II (grave), e é classificado como “desastre natural biológico”. A situação de emergência permitirá que a Defesa Civil e a Diagro tomem todas as providências para socorrer os afetados.
Hoje, técnicos iniciaram um corpo a corpo em aldeias produtoras de mandioca, como a Ahumã, onde as equipes conversaram com a cacique Creuza (foto em destaque).
A ideia é traçar estratégias com ajuda da Funai, governo do Estado e lideranças indígenas.
“Vamos fazer o levantamento de área, um censo para dimensionar o tamanho do problema que a gente já sabe que é muito grave. Ver a quantidade roças, o que já foi afetado e se existe alguma variedade resistente. De posse dessas informações tentar amenizar ou dizimar essa praga, que a gente sabe que não é fácil. Já virou um problema de Estado”, explicou o engenheiro agrônomo Wesclei Mendes.
“Temos que ter muito cuidado para resolver da melhor forma, sem afetar nenhum costume indígena”, acrescentou.
Ainda não é possível mensurar o tamanho do prejuízo para a produção de farinha. Mendes deixou claro que preciso dar suporte para que os técnicos cheguem a todas as roças nas épocas certas da colheita.
“Será um trabalho de muitos meses”.
De acordo com o governo do Estado, a crise é causada por três pragas e uma bactéria que impedem o desenvolvimento da mandioca. O problema teria começado em 2020, quando a pandemia impediu que as roças fossem acompanhadas por técnicos de extensão rural, que poderiam ter agido para conter as pragas.