Por IAGO FONSECA
Após a perda do filho de 19 anos para uma pneumonia no auge da pandemia de covid-19, em outubro de 2020, por falta de equipamentos, Alan e Waldenice fundaram em Macapá uma entidade para ajudar famílias a conseguir o que não foi possível para o filho: apoio financeiro e orientações para atendimento rápido no sistema público de saúde.
O Instituto Alejandro de Deus Costa, hoje sediado na região central de Macapá, já acolheu, em pouco mais de 2 anos e 9 meses, mais de 200 famílias que precisaram de suporte econômico por meio de rifas solidárias, doações em dinheiro, brinquedos e roupas recebidas diariamente nas ruas de Macapá.
“Deus colocou esse propósito na nossa vida de poder ser um diferencial na vida das pessoas. Hoje o nosso porte é através das campanhas solidárias e das nossas ações sociais, com entrega de alimentos nos hospitais”, conta o vice-presidente Alan Santos.
Alejandro de Deus Costa era um jovem sonhador e que amava a vida. Trabalhava como vendedor em uma loja de roupas no centro da cidade e pediu demissão para tentar uma carreira militar no Exército Brasileiro. Na seletiva, em janeiro de 2020, foi diagnosticada a pneumonia.
Entre março e agosto, teve vários altos e baixos na recuperação. Em setembro, em uma Unidade de Pronto Atendimento, foi atestada a pressão 6 por 3 em Alejandro. Imediatamente, ele recebeu encaminhamento para uma unidade de tratamento de covid-19 e passou 9 dias na UTI.
Após receber alta sem orientações para recuperação, o jovem teve uma forte recaída, em 6 outubro, e foi encaminhado para o Hospital de Emergências, mas poucos dias depois faleceu, em 22 de outubro.
“Naquela época, os hospitais estavam lotados. Meu filho precisou de 2 exames e um leito de UTI, que foram negados naquele momento. Faltou o equipo de bomba de volume, que custa 55 reais, por isso, quando o meu filho mais precisou, ele não pôde ser atendido. É uma atrocidade. Saber que uma vida precisou de um equipamento tão baratinho e infelizmente não teve, é um absurdo”, lamenta Alan.
O pai conta que comprou várias unidades do equipamento, mas foi tarde demais. Alejandro foi acometido por uma bactéria no cérebro, que atingiu a corrente sanguínea. O jovem logo faleceu.
A partir da perda, o casal a mobilização e o clamor do casal foram tão grandes que uniram as pessoas em prol da solidariedade.
“A gente pode passar o que for, mas o nome do meu filho será sempre honrado. Por ajudar essas pessoas com nossos voluntários, somos muito procurados. É pelo nosso comprometimento com a vida”, afirma o vice-presidente, Alan Santos.
A organização trabalha com um cronograma de apoio social. A cada semana, selecionam uma criança para ajudar com a campanha solidária “A vida tem valor”. Os voluntários arrecadam valores nas ruas movimentadas de Macapá, em dois turnos.
Parte do valor é utilizado para manutenção de custo dos voluntários. As doações, com prestação de contas, são repassadas às famílias uma vez na semana.
“Meu sonho sempre foi trabalhar no social, mas não imaginava que, através da dor de uma grande amiga minha, isso fosse ser realizado. Eu me sinto muito grata a Deus, à Waldenice e ao Alan por terem me dado a oportunidade de fazer esse trabalho social”, relata Lidiane Cristina, voluntária que trabalha de manhã e à tarde nas esquinas movimentadas.
A participação comunitária é a única forma de arrecadação, já que a organização está em processo regulatório para receber parcerias. O objetivo, segundo Alan, é conseguir disponibilizar, no futuro, atendimento médico, psicológico e de assistência social.
Para doar qualquer valor e ajudar basta fazer uma transferência para a chave Pix 96 98421-3695 (Waldenice Moraes de Deus) ou localizar um voluntário no endereço do instituto, na Rua Hildemar Maia, esquina com a Avenida Pedro Lazarino, no bairro Buritizal. O telefone da presidente Waldenice também está disponível para esclarecimentos e dúvidas.