Por CAROLINA MACHADO
A estudante Gilmara Barbosa, de 18 anos, estudante do 3º ano do ensino médio, vai prestar pela primeira vez neste ano o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ela mora desde que nasceu na comunidade Jaranduba, pertencente ao Arquipélago do Bailique, localizado a 200 quilômetros de Macapá, e é um dos 5 mil estudantes que participou nesta sexta-feira (3) do Aulão do Enem, no Estádio Zerão, na zona sul de Macapá.
Gilmara conta que sonha em ser promotora de justiça e que, para isso, decidiu concorrer com milhares de alunos a uma vaga no curso de direito. “Vai ser desafiador mas estou confiante. Eu sinto que tudo vai dar certo. Vou tentar uma vaga na Universidade Federal ou em qualquer outra particular”.
A estudante não mora no mesmo local em que estuda. Para assistir as aulas, ela se desloca diariamente de barco até a Vila Progresso, onde fica a Escola Bosque. “É um pouco cansativo. São 15 minutos de barco todos os dias e ainda temos que lidar com algumas dificuldades que muitos estudantes do Amapá não lidam, que são as condições devido à erosão. Precisamos descer pelas rampas, mas todos os dias as terras caem e isso é muito dificultoso. Desde que começou a erosão, as terras caem mais e mais”, relatou Gilmara.
A estudante também concilia a rotina de estudos com um estágio como auxiliar administrativo na escola Genivaldo Barbosa, na comunidade de Jaranduba. Das 7h às 11h ela atua na escola e das 12h às 18h ela se dedica às aulas regulares. Além disso, no turno da noite ela se dedica diariamente a revisar os conteúdos visando a preparação para o Enem. “É uma rotina muito puxada. Eu trabalho para poder comprar as minhas coisas e poder ser o mais independente possível. Mas concilio tudo de maneira bem responsável”, declarou.
O Enem não será aplicado no Arquipélago do Bailique. A estudante é um dos 33 alunos da Escola Bosque que enfrentaram quase 16 horas de viagem de barco para Macapá para participar do Aulão do Enem e para a aplicação da prova, que será nos dias 5 e 12 de novembro.
De acordo com a secretária de Educação do Estado, Sandra Casimiro, o Governo do Amapá está oferecendo suporte aos alunos do Bailique para o Enem, como translado a Macapá, alimentação e hospedagem. Eles retornarão ao Bailique após o dia 14 de novembro.
No Amapá, quase 29 mil estudantes vão prestar o Enem 2023. O exame dá acesso ao ensino superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni).