A Associação dos Amigos e Pais dos Autistas (AMA) é a única entidade no Amapá que trabalha com crianças autistas prestando atendimento nas áreas médica e educacional. Hoje a entidade atende cerca de 100 crianças. Mas todo esse trabalho pode estar comprometido. O único convênio que ajuda na manutenção integral das atividades pode não ser renovado, e se isso acontecer os atendimentos serão reduzidos em pelo menos 75%.
“Foi com o patrocínio da Petrobrás que conseguimos expandir o atendimento. Sem essa ajuda vamos retornar a uma realidade de três anos atrás, pois não temos condições de manter o espaço em pleno funcionamento para o atendimento de 100 crianças”, anunciou a coordenadora pedagógica e mãe de uma autista, Jane Capiberibe.
Uma notícia nada agradável às vésperas do dia 18 de junho, Dia do Orgulho Autista.
Você sabe o que o TEA?
Você conhece os Transtornos do Espectro Autista – TEA? Essa definição em 3 letras incluiu todos os tipos de distúrbios do autismo, entre eles o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger.
Achou os termos muito complicados? Agora imagine as famílias carentes que se deparam com algum caso de autismo na família. Além da falta de uma compreensão correta do problema, essas famílias também enfrentam a falta de locais para tratamentos gratuitos, que possam garantir uma boa educação aos portadores do autismo.
Todas essas dificuldades foram enfrentadas por Milene Gadelha de Almeida, que em 2013 descobriu que seu filho, então com 2 anos, era portador de transtorno do espectro autista.
“Ele não sabia falar, era hiperativo, não conseguia dormir e tinha acessos de raiva. Ele se agredia e agredia pessoas próximas. Tudo isso foi aflorando cada vez mais. E eu, sem conhecimento dos transtornos autistas, não pensava que pudesse ser esse o problema. Procurei pediatras, mas em nenhum apresentou laudo conclusivo sobre a situação do meu filho”, relembrou.
As dificuldades de Milene só começaram a ser sanadas quando um amigo da família, assistindo um quadro sobre o autismo apresentado pelo Dr. Dráuzio Varela, no Fantástico, desconfiou pelos sintomas apresentados, que o transtorno da criança poderia ser um caso de autismo.
“Depois, uma amiga me indicou a AMA, onde consegui fazer os testes no meu filho e assim descobrir parte do distúrbio neurológico, que foi confirmado por especialistas da área”, acrescentou Milene.
AMA
Foi então que a família conheceu o trabalho desenvolvido pela AMA no Amapá para atender crianças e jovens portadores do TEA. Hoje a entidade atende cerca de 100 crianças.
“Nós percebemos em 2007 a necessidade de ajudar os pais de autistas. Começamos com apenas alguns pais que precisavam se unir para ajudar os filhos. Hoje contamos com uma rede de voluntários para atender nossas crianças. Temos psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e pedagogos para dar uma formação completa aos autistas atendidos”, explicou Jane Capiberibe.
No início a AMA atendia no máximo 25 crianças com acompanhamento em diferentes áreas. Mas em 2013 o atendimento se expandiu graças ao patrocínio da Petrobras, que recebeu o projeto e verificou que as atividades desenvolvidas no Amapá eram de grande ajuda para uma sociedade órfã de centros públicos de atendimento especializado aos autistas. Assim a Associação intensificou os trabalhos, que hoje ajudam muitas pessoas na descoberta do TEA.
“Hoje nossa demanda só aumenta, já que muitos pais não conseguem atendimento educacional e hospitalar de qualidade para os filhos, o que nos transformou em uma referência no Amapá e até para outros estados. Também trabalhamos com testes para verificar se há algum teor do TEA no comportamento das crianças que nos procuram. Não podemos fornecer laudos que garantam 100% o resultado final, mas adiantamos certos testes que serão usados quando a família procurar o neuropediatra”, relatou Jane.
Fotos: Anderson Calandrini