Por SELES NAFES
Um homem sedutor que se identificava como ator de novelas, e também diretor da empresa XP Investimentos na verdade, era um detento do Amapá. José Miranda dos Santos, de 49 anos, acaba de ser condenado a quase 11 anos de prisão por ameaçar divulgar imagens íntimas de uma vítima idosa. Ela foi obrigada a ceder a conta pessoal usada para que ele movimentasse valores, mesmo estando preso no Iapen.
A decisão foi do juiz Ailton Vidal, da 2ª Vara Criminal de Macapá, que o condenou a 10 anos e 11 meses de prisão, além do pagamento de uma multa. A Polícia Civil chegou a indiciar o detento por estelionato contra pessoa idosa e falsa identidade, mas as condenações foram por ameaça e lavagem de dinheiro.
De acordo com o processo, a vítima procurou a polícia para relatar que conheceu o criminoso em 2020, após aceitar convite dele no Facebook para serem amigos. Ele usava uma foto diferente e se identificava no perfil como um ator de novelas chamado “Christiano Mira”. Ao longo de oito meses, muita coisa aconteceu.
A idosa passou a enviar imagens íntimas a pedido do namorado virtual. Nas chamadas de vídeos, ele sempre alegava que não podia aparecer porque a empresa dele estava sendo investigada pela Polícia Federal.
Câmera ligada e transferências
Durante o namoro à distância, ele teria oferecido dinheiro para que a idosa pudesse ajudar seu filho em uma situação de saúde. A partir de então, passou fazer depósitos na conta dela.
O dinheiro era sacado e entregue a uma mulher identificada como Paula Roberta Mira Morais, que sempre ia até a casa da vítima. A idosa admitiu que chegou a usar uma parte dos valores em “despesas pessoais”.
No entanto, a vítima decidiu terminar o relacionamento quando, numa das chamadas de vídeo, José Miranda esqueceu a câmera ligada, segundo relatou em depoimento no processo. Ela viu se tratar de uma pessoa diferente da foto no perfil do Facebook, e que o ambiente onde ele estava era estranho.
Depois de romper com o acusado, a vítima passou a ser chantageada para que ele não divulgasse as imagens íntimas dela. Em seguida, vieram as ameaças de morte. Ele teria dito que mandaria alguém atropelá-la.
A vítima procurou a polícia e apresentou prints de todos os diálogos, além de extratos bancários que somaram R$ 16,5 mil. Atualmente, José Miranda cumpre pena em regime domiciliar, mas responde a outros 10 processos criminais.
Além dele, Paula Mira foi condenada a três anos de prisão, mas a pena dela foi convertida em prestação de serviços.