Policiais são acusados de torturar usuária de drogas que morreu no HE

Família fotografou Kátia, de 40 anos, passando mal e com muitos hematomas, depois da audiência de custódia. Ela morreu no hospital devido a lesões internas graves
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Por LEONARDO MELO

A Polícia Civil do Amapá vai investigar se a morte de uma mulher usuária de drogas ocorreu após suposta tortura realizada por policiais militares do Amapá. A vítima tinha 40 anos, e morreu no último sábado (30), dois dias depois de ser presa por uma guarnição da PM de Santana, município a 17 km de Macapá. No hospital, ela foi atendida após a audiência de custódia, e foram constatadas lesões graves internas, como fraturas e hemorragia. 

De acordo com boletim de ocorrência registrado pela família na Polícia Civil, Kátia Simone foi presa na “Caesinha”, no Bairro Nova Brasília. O local é um conhecido ponto de comercialização de drogas em Santana, homônimo da famosa comunidade do Bairro Perpétuo Socorro, em Macapá, onde também o tráfico de drogas é intenso.

De acordo com relatos da família ao Portal SelesNafes.Com, nesta quarta (3), Kátia teria sido abordada pelos policiais e arrastada pelos cabelos até uma casa abandonada na Caesinha, onde teria sido torturada.

“Pularam nela na barriga, no pescoço, na cara. Das 23h a 1h. Fui na delegacia, e ela chorava de dor dizendo que tinha apanhado e estava com muita dor. Eu tinha avisado (aos policiais) que ia na corregedoria, porque ela não era traficante, era usuária. Pegaram 7 pedras (de crack) que eram dela”, explicou a irmã.

Kátia foi conduzida para a audiência de custódia, onde o juiz plantonista José Castellões Neto, da Comarca de Santana, acatou parecer do Ministério Público pela aplicação de medidas alternativas à prisão, como o recolhimento noturno a partir das 20h. O magistrado também determinou que a Corregedoria da PM fosse notificada sobre o possível caso de tortura.

Kátia Simone passando mal em casa, após audiência de custódia

Kátia tinha 40 anos e era dependente de crack

Ao deixar a audiência de custódia se queixando de muitas dores, Kátia foi levada para casa, onde vomitou e desmaiou. A família fez fotos dela, antes de levá-la ao Hospital de Emergência de Santana, onde exames comprovaram graves lesões no fígado e costelas fraturadas.

“Deram muito choque nela. Afogaram ela num balde. Ela era um ser humano. Foi muita maldade com ela. Cortaram ela com um canivete. E como ela ficou só sangue, mandaram ela vestir outra roupa”, comentou a irmã sobre o relato de Kátia.

Juiz determinou que Corregedoria da PM apure o caso

A família contratou o advogado Marcelo Lisboa para conduzir as tratativas na Polícia Civil e na Corregedoria da PM. Entre os policiais denunciados está um major. O caso foi registrado como crime de tortura.

Procurada pelo Portal SN, a Polícia Militar ficou de emitir um posicionamento ainda nesta quarta-feira (3).

Seles Nafes
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