Por MARCELO GUIDO *
Ícone incontestável, deixando uma marca indelével no mundo da bola, Zagalo foi mais do que um jogador e técnico de futebol; ele foi uma verdadeira inspiração para todos os amantes do esporte mais popular do planeta.
Sua habilidade técnica era verdadeiramente invejável, posicionando-se à frente de seu tempo. Enquanto como jogador conquistou o mundo em duas ocasiões memoráveis, em 1958 e 1962, foi como técnico que ele revolucionou o futebol, conduzindo a equipe brasileira à glória em 1970. Mesmo atuando como coordenador, Zagalo contribuiu para trazer a Copa de volta ao país do futebol em 1994. Seu ápice, no entanto, escapou-lhe em 1998, quando o Brasil perdeu a final para a França.
Como homem, distante da fina classe que exibiu nos gramados, Zagalo era conhecido por suas opiniões firmes, talvez até teimosas. Infelizmente, isso teve um custo alto quando, em sua última Copa como treinador em 1998, tomou decisões controversas, cortando jogadores que muitos consideravam indispensáveis.
Ao longo de sua carreira, Zagalo conquistou títulos, como jogador e treinador, pelos maiores clubes do Rio de Janeiro, Vasco, Flamengo e Botafogo, e liderou a uma das equipes mais tradicionais de São Paulo, a Portuguesa. Sua visão inovadora do jogo, evidenciada na introdução do sistema com três zagueiros, um meio-campo criativo e um ataque fulminante, redefiniu o cenário do futebol mundial. A ideia de que os laterais não têm apenas a obrigação de marcar, mas também de atacar, foi consagrada durante a Copa do Mundo de 1970 no México, e continua a influenciar os grandes times até os dias de hoje.
O mundo do futebol perdeu um grande homem, mas ganhou uma lenda eterna. Mario Jorge Lobo Zagallo pode ter nos deixado perplexos em algumas ocasiões, mas desta vez, devemos aceitar e respeitar a sua partida, honrando o legado que ele deixou para as gerações futuras.
Lembrando de sua mais celebre frase – “vocês vão ter que me engolir” – agora sei que ele tinha razão. Vamos ter que engolir sua partida.
* Marcelo Guido é amapaense, jornalista, vascaíno, pai do Bento e da Lanna