O transtorno na travessia para Mazagão vai continuar ainda por muito tempo. A construção da ponte sobre o Rio Matapi está a todo o vapor, mas prejudicou o tráfego de balsas. A Secretaria de Transportes do Estado (Setrap) anunciou que vai notificar o consórcio de empreiteiras, entre elas a CR Almeida, por atraso na construção de um novo acesso para as balsas. O domingo, 02, foi mais um dia de sufoco para quem pretendia chegar ou voltar de Mazagão.
A travessia ficou mais lenta depois que as balsas que fazem a travessia de carros e pessoas se chocaram, no início da manhã, ao se cruzarem no meio do Rio Matapi. Não houve danos, mas os operadores decidiram diminuir o ritmo do trabalho para reduzir a possibilidade de acidentes mais graves. É preciso contornar uma gigantesca balsa que está sendo usada na construção dos pilares da ponte.
A redução do ritmo das balsas em função do acidente e a manobra para contornar a balsa da obra geraram um tempo bem maior de espera na fila de carros, entre duas e três horas de permanência debaixo de sol forte. “Quase não conseguimos enterrar meu marido em Mazagão. Ficamos lá esperando o carro da funerária chegar (em Mazagão) para levarmos o corpo ao cemitério e nada. Tivemos que transportar ele num carro particular depois de muito atraso”, desabafou a viúva Joana Lúcia Rodrigues, que n
o domingo enterrou o marido Carlos Alberto Silva, um ex-funcionário da CEA, na terra natal dele.
A ponte sobre o Rio Matapi terá 612 metros de comprimento e vai completar a alça viária entre Mazagão e o restante do Estado. A obra é do Governo do Estado, começou no início de janeiro e durará um ano ao custo de R$ 90 milhões. Dia sim, dia não, ocorre o processo de concretagem dos pilares. Quando esse trabalho começa é preciso aproveitar a maré vazante para encher o mais rápido possível os pilares que darão sustentação à estrutura. “Se o trabalho for interrompido pode haver a perda do pilar”, explicou um operário da obra.
O problema é que a CR Almeida já deveria ter construído um novo acesso para as balsas bem ao lado do atual. A Setrap já demoliu um escritório que tinha na cabeceira do Matapi onde será construída uma nova rampa. “Estamos agilizando a indenização de umas casas que terão de sair, e vamos notificar a empresa a agilizar sua parte também”, garantiu o secretário de Transportes do Estado, Bruno Mineiro.
A Marinha não permite que a Setrap coloque uma terceira balsa na operação por causa do risco de acidentes. Cada embarcação é capaz de levar até 8 carros e cerca de 15 motos, mas por motivo de segurança apenas seis carros estão embarcando. Ambulâncias, vans, motos e viaturas policiais tem preferência. Enquanto um novo acesso para as balsas não é construído, as filas continuarão. A Setrap diz que vai informar aos motoristas quais serão os dias certos de concretagem, o que na prática só ajuda o motorista a se preparar psicologicamente para horas de espera.