Por IAGO FONSECA
Câmeras de segurança do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) flagraram os momentos em que um policial penal facilitou a entrada de objetos ilegais no presídio no fim de janeiro. Na tarde de ontem (15), uma operação da Polícia Civil cumpriu três mandados, dois de busca e apreensão e um de prisão de um agente penal. Outros dois são investigados.
A diligência apurou a entrada de drogas, celulares e outros casos de corrupção com participação de agentes públicos no Iapen. O portal SN.com acompanhou de perto a prisão preventiva de um dos investigados. Ele foi levado para o Ciosp da Zona Oeste, no complexo de segurança da Rodovia Duca Serra, na zona oeste de Macapá.
“Essa investigação já vem de alguns meses anteriores, que nós observamos a movimentação de alguns servidores. A partir das informações que nós coletamos, com a confirmação dessas imagens da entrada de ilícitos, essa operação vai dar continuidade e nós pretendemos identificar outros servidores que possam estar envolvidos. Nós estimamos que foi facilitada a entrada de uns 15 aparelhos de celular, além da possibilidade de ter passado drogas e arma de fogo”, afirma o diretor da instituição, delegado Luiz Carlos Gomes.
Segundo a investigação preliminar da Polícia Civil, o servidor preso recebia entre R$ 1 mil a R$ 2 mil para facilitar a entrada, a depender do aparelho. Armas de fogo custavam cerca de R$ 5 mil, de acordo com a PC. A entrega da remessa era feita durante a troca de turno entre os guardas. O policial fazia o trajeto entre as guaritas enquanto o preso, ainda não identificado, aguardava.
A segurança pública do Amapá não revelou a identidade do policial, mas o portal SelesNafes.com apurou que se trata de Arleson Moraes, antigo coordenador de monitoramento eletrônico do Iapen e atual integrante da guarda externa e guarita das muralhas do pavilhão F3, do regime fechado, onde estão presos membros de uma facção criminosa não identificada pela direção do presídio.
Mais policiais envolvidos
A Polícia Civil ainda investiga outros dois policiais penais por omissão. Junto com Arleson Moraes, eles podem ser indiciados por corrupção ativa e passiva. Os telefones deles foram apreendidos para investigações. Esses outros dois policiais foram transferidos de área de atuação enquanto as investigações durarem.
“Iniciamos uma investigação no sentido de evidenciar a qualificação de todos os envolvidos e entender também o grau de participação que cada um tinha nessa empreitada criminosa. Com a quebra do sigilo bancário de todos e a partir desses elementos que vamos angariar, vamos conseguir identificar talvez outros elementos, outros indivíduos que tenham participação nessa empreitada”, ressalta o delegado Ismael Nascimento, da Polícia Civil.
Para a Secretaria de Segurança Pública do Amapá, a atenção das forças de segurança ao sistema penitenciário contribui para o combate ao crime organizado e corrupções.
“Vamos, sim, continuar atuando para que a gente consiga fazer, não só a unidade penal José Eder [pavilhão de segurança máxima] eficiente, mas que a gente consiga fazer todas as outras também. Nós temos cinco obras em andamento no Iapen para mudar a estrutura de acesso às guaritas, que é um grande problema. Estamos trabalhando junto ao Ministério da Justiça para a reconstrução do pavilhão F3, em moldes muito mais eficientes, muito mais modernos”, afirmou o secretário de Segurança Pública, José Neto.