Vítimas de violência são capacitadas para encerrar dependência financeira dos agressores

O objetivo é a emancipação e empoderamento feminino através da qualificação profissional
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Por ANITA FLEXA

Mulheres resgatadas de relacionamentos abusivos e vítimas de violência estão sendo capacitadas em uma iniciativa da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP), que visa prepará-las para o mercado de trabalho, e, desta forma, evitar que retornem a depender financeiramente dos agressores.

O Projeto Mulheres no Controle oferta treinamento profissional para 45 mulheres assistidas pela instituição. Os treinamentos acontecem em Macapá, na sede do SENAI, parceiro da iniciativa, junto com o SEBRAE.

As capacitações são nas áreas de gestão financeira e empreendedorismo, com cursos de costura, fabricação de pizza, e iniciação profissional em pequenos reparos elétricos e hidráulicos residenciais.

Para a bacharel em Direito, Janete Braga, que participa do curso de costura e pequenos reparos esse é um momento de aprendizado e de amparo para as mulheres.

Janete Braga: “Eu resolvi dar a volta por cima, e quando eu decidi estudar, comecei a entender os meus direitos”

“Aprender é sempre bom, e todos os dias nós aprendemos um pouco de tudo na vida. Eu ouvi muitos relatos durante o curso, alguns que tiraram lágrimas dos olhos. Eu por exemplo, me separei há dois meses e entrei com medida protetiva. Fui morar na casa de uma parente, mas eu não trabalhava, porque meu ex-marido não deixava. Agora, com esse curso, eu vou poder aprender alguma profissão e ter meu próprio sustento”, afirma.

Os treinamentos, que iniciaram nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, prosseguem neste sábado (9), na sede do SENAI.

A defensora pública Marcele Fardim, coordenadora do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher da DPE, explica que, além de retirar as mulheres do ciclo de violência, o Mulheres no Controle possibilita que elas possam se prover financeiramente.

Ela ressalta que muitas das assistidas que participam da capacitação dependiam financeiramente de seus companheiros e precisavam de amparo psicológico e social para se reerguerem.

Marcele Fardim, defensora pública e coordenadora do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos das Mulheres

“Nosso objetivo é emancipar essas mulheres vulneráveis, porque com a emancipação delas a gente vê que elas conseguem, sim, quebrar o ciclo de violência. A gente sabe que o ciclo de violência não é só por conta da vulnerabilidade econômica, mas a gente sabe também que é um dos aspectos que fazem com que a mulher se torne refém naquele relacionamento. Vamos encontrar mulheres de todas as faixas-etárias, de 13 a 75 anos. Elas estão aqui para compartilhar seus depoimentos e fortalecer essa rede de apoio”, ressalta a defensora.

Janete Braga reafirmou o papel da sororidade e acolhimento realizado por ações como essa.

“Eu resolvi dar a volta por cima, e quando eu decidi estudar, comecei a entender os meus direitos. E assim eu consegui superar esse ciclo de violência. Hoje eu sou bacharel em direito e quero muito ajudar outras mulheres a romperem esse ciclo e recuperarem a sua dignidade. E cursos profissionalizantes como esses, nos ajudam a nos tornar donas do nosso próprio destino”, ressaltou Janete.

Seles Nafes
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