Por ANITA FLEXA
Uma professora de faculdade particular de Macapá, identificada como Ana Caroliny Miranda, está sendo acusada de aplicar golpes em vários de seus alunos do Curso de Enfermagem. Segundo relatos de vítimas, a acusada teria pedido demissão, bloqueado os alunos nas redes sociais e se mudado para o sul do país.
De acordo com uma acadêmica, que preferiu manter sua identidade em sigilo, os golpes tiveram início em outubro de 2023 e continuaram até fevereiro deste ano. A professora abordava os alunos com melhores condições financeiras, solicitando inicialmente contribuições para uma “caixinha” e, em seguida, alegando necessidade de dinheiro para custear tratamentos médicos de sua mãe e sobrinho, supostamente enfermos.
Desconfiados, os alunos começaram a pressionar a professora pelo dinheiro emprestado. Segundo relatos registrados em Boletim de Ocorrência, uma das vítimas, comovida com a alegada situação de saúde de Ana Caroliny, chegou a emprestar R$ 9 mil para custear um tratamento médico.
“Considerando todas as vítimas, não apenas alunos, estimo que ela tenha extorquido cerca de 50 mil reais. Apenas entre os estudantes, foram cerca de 12 que caíram na armadilha. É incrível como ela conseguiu ludibriar tantas pessoas. Quando procuramos o diretor, ele ficou chocado com a situação, alegando que ela sempre foi uma professora exemplar e engajada. Foi uma surpresa [para o diretor] quando, de repente, ela pediu demissão”, afirmou uma das vítimas.
Os alunos tentaram contatar Ana Caroliny quando perceberam sua mudança de estado, mas foram bloqueados em todas as redes sociais. Ao saber que as vítimas estavam tomando providências legais, a ex-professora passou a ameaçá-las com processos judiciais.
O Portal Seles Nafes teve acesso a capturas de tela em que a ex-professora solicitava grandes quantias em dinheiro aos alunos, alegando necessidades hospitalares e tratamentos de familiares.
Em uma dessas mensagens, uma das vítimas conseguiu falar com a cunhada de Ana Caroliny, que confirmou que o sobrinho da suspeita precisou passar por uma cirurgia, mas que os próprios pais da criança cobriram as despesas médicas. Durante a conversa, a parente de Ana mencionou que as ações suspeitas da professora começaram após ela iniciar um relacionamento com o atual namorado, sugerindo que, por ter acesso a bens materiais, não precisaria recorrer a golpes.
O Portal SN.com entrou em contato com a direção da Faculdade Estácio Amapá, que declarou em resposta: “Devido ao nosso compromisso com a educação e a comunidade acadêmica, a Faculdade repudia veementemente comportamentos que violem o código de ética e compliance. A instituição oferece um Canal de Ouvidoria para acolher alunos e denunciar desvios de conduta. A direção confirma que a professora não faz mais parte do corpo docente da instituição.”
Ana Caroliny respondeu ao contato do Portal. Ela diz também mover na justiça contra uma aluna um processo por calúnia de difamação, pois seriam “inverdades” as informações da acadêmica.
“Foram mentiras e a principal envolvida foi uma aluna por não aceitar a reprovação”, comentou através de aplicativo de mensagens.
A reportagem também consultou a Polícia Civil do Amapá, que afirmou desconhecer o caso.