Por ANITA FLEXA
Mais de 100 jovens que foram desclassificados após serem aprovados no Processo Seletivo para graduação na Universidade Federal do Amapá realizaram um protesto em frente à Defensoria Pública da União (DPU) na manhã desta segunda-feira (15), no centro de Macapá. Alguns estavam acompanhados dos pais.
A manifestação é contra a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) da última sexta-feira (12), que determinou 75% das vagas do PS da Universidade às cotas e 25% para a ampla concorrência. A medida tirou 380 nomes da lista de aprovados que a Unifap havia divulgado.
Maria Conceição foi uma das mães que sofreram a frustração de ver o filho comemorando e depois perder a vaga. O estudante, Tiago, estava entre os aprovados para o Curso de engenharia elétrica. Para ela, a decisão fere os direitos de todos os alunos que se esforçaram durante o ano e passaram com todos os méritos no PS 2024.
“Isso é um pesadelo. Cansei de acordar de madrugada e ver meu filho estudando muito para conseguir essa vaga tão sonhada. Ele dormiu matriculado e acordou desclassificado pelo processo seletivo da Unifap. Como mãe, estou indignada e quero justiça”, conta ela, visivelmente emocionada.
Outra prejudicada foi Andressa Rodrigues, de 19 anos, que passou e se matriculou no curso de Relações Internacionais (R.I) da Unifap, mas foi desclassificada, mesmo sendo aluna cotista. Ela conta que teve que sair do emprego para poder cursar a graduação e foi a única pessoa da família a ingressar em uma instituição de nível superior.
“Eu passei por cota LBAP, destinada a pessoas de baixa renda, com renda inferior a um salário-mínimo e provenientes de escolas públicas. Sou a primeira da minha família a ingressar em uma Universidade Federal. Foi uma questão de muito esforço. Todo mundo ficou extremamente orgulhoso quando saiu a primeira lista oficial, e eu me programei como uma caloura assegurada. Então, abri mão do emprego, que me ajudava muito, para pensar no meu futuro e em uma melhora de vida. Como não tenho mais mãe nem pai, moramos apenas eu e minhas duas irmãs, tive que fazer a escolha de seguir meu sonho em busca de uma vida melhor, e agora ele foi desfeito”, afirma Andressa.
De acordo com Amanda Corrêa, uma das coordenadoras do projeto Mutirão Prejudicados do PS 2024, a Defensoria orientou os alunos a buscarem seus advogados e, de forma coletiva ou individual, buscarem seus direitos perante a justiça.
“Fomos orientados pela Defensora a entrarmos com um processo, individualmente ou em grupo. O processo em grupo demoraria mais, visto que o substituto do defensor que responde ao setor de RH está em Brasília, então seria mais interessante e viável entrarmos individualmente com um processo”, afirma Amanda.
A decepção era visível no rosto do estudante Roberto Carlos Araújo, que recusou uma vaga em outra instituição de ensino para se dedicar à Unifap. Ele havia passado na modalidade ampla concorrência.
“Eles (Unifap) abriram um período de matrícula de 9 a 11 de abril. Até cancelei uma vaga garantida no IFAP para ir para UNIFAP, pois era o que eu queria, mas já tinha uma vaga garantida no IFAP. Aí, simplesmente, suspendem as matrículas, no mesmo dia lançam uma lista de aprovados, sem lançar nenhum edital especificando como seria dali em diante, e todos os 380 alunos ficaram prejudicados”, conclui Roberto.