Por LEONARDO MELO
Ele chega por volta das 18h no cruzamento da Rua Leopoldo Machado com a Avenida Fab, em frente à Escola Gabriel de Almeida Café, antigo CCA, no Centro de Macapá. Sempre está com sua Kombi, equipada com cubas, uma chapa e uma tenda para proteger da chuva, enquanto prepara e oferece os lanches populares.
Para receber os clientes, o empreendedor ainda improvisa mesas e um grande banco de madeira, usando sua simpatia única para atender todos os tipos de público, desde o mais rico ao mais pobre.
Miguel da Silva Abdon, o Baixinho, de 65 anos, é conhecido na cidade pelo lanche adubado com um molho especial feito à base de uma salada de repolho e maionese. Seu trabalho é incessante, de domingo a domingo. Para conseguir atender seus clientes, Baixinho conta com a ajuda de 6 funcionários que se revezam durante a semana até às 5h da manhã.
Muitas vezes, a lanchonete é a única opção para saciar a fome na madrugada, principalmente após as festas. Sua experiência no ramo de lanches foi transmitida para os filhos, mas ele faz questão de continuar presente, gerenciando tudo pessoalmente. Um verdadeiro ícone que representa a luta diária dos brasileiros em Macapá.
“Meus filhos já estão criados. Estou nessa vida desde 1986. Já vendi na Praça do Barão e outros locais, mas foi aqui que permaneci. Tenho meu carrinho, minha casa, e não largo minha venda. Gosto do que faço. Muita gente já passou por aqui e sempre trato todos bem para fazer amizade. É o que levo da vida”, disse o carismático trabalhador.
Durante a preparação de um hambúrguer após outro, Baixinho atendeu a estudante Kenia Almeida, que levou a filha e o pai para saborearem os lanches na nostálgica e tradicional lanchonete.
“Há alguns anos conheci esse lanche quando voltava das festas. Agora venho mais cedo e aproveito para trazer minha família. Lanche muito bom, uma delícia, eu recomendo”, garantiu Kenia, ao fazer uma foto com Baixinho e a filha.
Durante a reportagem, faltou material de produção e Baixinho precisou sair às pressas para resolver o problema, afinal, ainda tinha muita gente para atender.
Uma coisa é certa: quem nunca comeu um hamburgão do Baixinho no meio da madrugada? Um verdadeiro hambúrguer raiz, um empreendedor nato, folclórico e que merece o máximo de respeito.