Após discussão entre advogada e juíza, júri de policiais entra no 2º dia

Advogada acusou juíza de desrespeito ao indeferir perguntas para viúva de criminoso morto por policiais
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

Prossegue na manhã desta quarta-feira (22) o julgamento dos policiais militares acusados de executar um criminoso durante uma intervenção na zona sul de Macapá, em 2018. Ontem à noite, a juíza Lívia Simone Freitas chegou a discutir com uma das advogadas de defesa durante depoimento da viúva da vítima, William Natividade Silveira.

A advogada do escritório Charles Bordalo protestou após a magistrada indeferir uma série de perguntas dirigidas à esposa de Natividade, que era acusado de roubos. A defesa teria insistido nos mesmos questionamentos que estariam tentando desabonar a família de Natividade.

“Isso é uma estratégia louca da defesa. Acabei de indeferir a pergunta e você formula a mesma pergunta. Estou me sentindo desrespeitada”, disse a juíza.

“A defesa também está sendo desrespeitada. As perguntas todas estão sendo indeferidas. É uma pergunta objetiva que não fere a dignidade da vítima. Só perguntei se o pai e o irmão foram mortos”, retrucou a advogada.

“O que é que o pai tem a ver?”, devolveu a juíza.

“Isso comprova que eram de uma família de bandidos, doutora”, justificou a advogada.

“Se a senhora está insistindo em perguntas repetidas, eu entendo que a senhora não tem mais perguntas. Mais uma pergunta repetida eu vou passar a palavra. Faça perguntas que tenham a ver com o processo”, avisou a magistrada.

Em outro embate, o advogado Charles Bordalo também teve pergunta indeferida sobre o que a viúva achava da arma que foi apreendida no imóvel.

“É uma pergunta técnica, para a perícia”, observou a magistrada.

Isso é cerceamento da defesa“, alegou ele.

Ainda no depoimento, a viúva confirmou que não viu o que ocorreu dentro da casa.

Natividade volta para o imóvel após tentativa de fuga. Foto: Arquivo

De acordo com o processo, na manhã de 22 de março de 2018, os policiais do 1º BPM foram chamados para checar denúncia de que um criminoso estaria ostentando uma arma de fogo em uma área de pontes do Bairro dos Congós, na zona sul.

Na versão dos policiais, Willian Natividade teria pulado no lago para fugir, mas recebeu ordem para voltar ao imóvel, onde teria tentado pegar uma arma de fogo e foi alvejado.

A esposa do criminoso, que recebeu ordem para sair do imóvel, afirma ter ouvido ele implorar para não ser morto, quando recebeu os dois tiros. O MP afirma que a versão dos policiais seria uma fraude e que a arma foi plantada no local.

Os policiais chegaram a ser presos preventivamente no Comando da PM, depois foram colocados em liberdade para desempenharem serviços internos administrativos. Eles prestaram depoimento ontem no primeiro dia do júri.

Além da promotoria, o advogado Maurício Pereira atua na acusação.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!